Operadores económicos do comércio e distribuição de alimentos angolanos defenderam hoje a criação de «procedimentos mais eficazes» para os consumidores e a economia do país e «travar concorrência desleal e monopólios» no setor devido à covid-19.
Os intervenientes do setor, que reconhecem dificuldades devido ao fraco poder de compra num momento especial devido à pandemia, os apoios do Estado angolano ao setor "são necessários, mas precisam de procedimentos sólidos".
O Governo angolano anunciou hoje que a linha de crédito do Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA) de 17,6 mil milhões de kwanzas (cerca de 30 milhões de euros) para apoio às empresas devido à covid-19 tem 1.964 candidaturas.
Segundo o presidente do conselho de administração da empresa de comercialização e distribuição moderna de alimentos, Raul Mateus, o modelo de pagamento dos produtos, no âmbito do crédito, "precisa ser mais bem aprofundado".
"A princípio, é reduzir custos e fazer com que os preços cheguem mais barato, evitar que haja monopólios e oligopólios porque dizia-se que já existia uma lista de fornecedores e como sabe o mercado funciona melhor quando há maior número de ofertas", disse, em declarações aos jornalistas.
Falando no final de um encontro de concertação com os agentes distribuidores agroalimentares sobre a implementação das medidas de alívio económico, considerou que "os 20% da produção agrícola formal devem também constar do universo dos fornecedores".
"Caso não constem da lista, uma vez que a restante percentagem corresponde ao mercado informal, terão dificuldades de vender", frisou.
A linha de crédito do BDA, com uma taxa de 9% e maturidade de dois anos, carência de capital de 180 dias visa financiar a compra dos operadores do comércio e distribuição aos produtores nacionais de produtos como o milho, mandioca, trigo, arroz, açúcar, couve, batata, entre outros.
Para o empresário, os dois anos de maturidade são necessários, mas, observou, é necessário que o Governo "trabalhe um pouco mais com as associações no sentido de criarem procedimentos mais eficazes e mais vantajosos para os consumidores e para a economia que nesta altura está a inerte".
Por seu lado, o representante da Associação dos Comerciantes Industriais de Viana, em Luanda, Restinim Henriques, valorizou as medidas do Governo para atenuar o impacto da covid-19 no setor produtivo, alertando para o "combate da concorrência desleal".
"Tenho estado no mercado e sei que temos tido concorrência desleal, em que várias empresas utilizam os preços para matar outras empresas e é muito prejudicial à economia porque procura a existir no mercado monopólios", disse.
De acordo ainda com o empreendedor, deve haver cautelas nesse sentindo e referiu que acredita que "o executivo também está atento nesta questão para que as empresas não façam perder esses financiamentos".
O encontro foi promovido hoje em Luanda pelos ministérios da Economia e Planeamento, da Indústria e Comércio e da Agricultura e Pescas.
Angola conta com 36 casos confirmados da covid-19, nomeadamente 23 casos ativos, 11 recuperados e dois óbitos.
O país cumpre a segunda prorrogação do estado do estado de emergência que estende até domingo, 10 de maio.
O parlamento angolano aprovou hoje a terceira prorrogação deste período de exceção temporária.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 269 mil mortos e infetou quase 3,8 milhões de pessoas em 195 países e territórios.
Mais de um 1,2 milhões de doentes foram considerados curados.