A retoma das ligações marítimas de passageiros entre as ilhas de Cabo Verde sem casos de covid-19 vai obrigar ao controlo de temperatura dos passageiros, que passam também ter de usar obrigatoriamente máscaras faciais, segundo determinação governamental.
Desde 29 de março, quando foi decretado o primeiro período de estado de emergência em Cabo Verde, estão suspensas todas as ligações de passageiros interilhas, tendo o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, anunciado hoje, numa mensagem ao país, a retoma do transporte marítimo a partir de segunda-feira.
A regulamentação da retoma das ligações marítimas, apenas entre as sete ilhas habitadas sem casos de covid-19, foi feita já ao início da tarde de hoje, com a publicação em Boletim Oficial da resolução do conselho de ministros n.º 70/2020, que desde logo obriga a que apenas passageiros “que estejam a utilizar máscaras faciais autorizadas nos termos da lei” possam embarcar.
Os passageiros têm ainda de ser alvo de medição de temperatura corporal e a empresa CV Interilhas (detida em 51% pela portuguesa Transinsular), concessionária do transporte marítimo de passageiros e carga, bem como os operadores portuários terão de “criar medidas de check-in” e garantir o “distanciamento social de dois metros”, através de fitas sinalizadoras, nos navios.
A resolução define ainda que a lotação e permanência de passageiros nas gares, recintos portuários e postos de vendas “devem respeitar o distanciamento social mínimo de um metro e meio”, a mesma regra que passa a ser aplicada à lotação dos navios.
A concessionária terá ainda de disponibilizar um espaço de isolamento para suspeitos de covid-19, aprovado pelo Ministério da Saúde, passando a existir a “obrigatoriedade de utilização de equipamentos de proteção individual e máscaras pelos tripulantes” e a ser proibidas as vendas ao balcão do bar, nos navios.
Entre outras medidas, também serão obrigatoriamente implementadas ações de limpeza e descontaminação de todas as áreas frequentadas pelos passageiros, “designadamente as zonas de acesso, salões e casas de banho”.
“Estando já sete ilhas fora do estado de emergência e considerando a sua situação epidemiológica face à covid-19, o Governo decidiu autorizar, a partir do dia 11 de maio, próxima segunda-feira, a retoma das ligações marítimas interilhas para o transporte de passageiros, com exceção das que têm origem e destino em Santiago e em Boa Vista”, anunciou o primeiro-ministro, numa mensagem ao país, esta manhã.
Essas ligações, acrescentou, “ficam sujeitas ao cumprimento de normas de proteção sanitária” por parte da tripulação, prestadores de serviços portuários e passageiros.
“Com a retoma das ligações marítimas interilhas para o transporte de passageiros, nas condições que protejam as pessoas e a atividade económica, procedemos de forma progressiva à entrada numa nova normalidade, que passa a ser muito mais exigente em termos de segurança sanitária, para o bem da saúde das pessoas e para o bem da economia do país”, enfatizou o primeiro-ministro.
“São novas regras que vão perdurar no tempo e que vão permitir conviver com o vírus, em condições de risco cada vez mais reduzidas”, disse ainda.
Atualmente está em vigor o terceiro período de estado de emergência, até às 24:00 do dia 14 de maio, mas apenas nas ilhas de Santiago e Boa Vista, as únicas com casos de covid-19 ativos em todo o arquipélago.
Cabo Verde regista 230 casos acumulados de covid-19, distribuídos pelas ilhas de Santiago (171), Boa Vista (56) e São Vicente (03, todos recuperados). No total, 44 pessoas já foram consideradas recuperadas pelas autoridades de saúde.
Em todo o país, duas pessoas acabaram por morrer, na Praia e na Boa Vista, e dois turistas estrangeiros, também infetados, regressaram aos países de origem, totalizando por isso 188 casos ativos em Cabo Verde.
A Praia, com novos casos diários da doença, que totalizam já 168 diagnosticados desde março em 25 bairros da cidade, é o principal foco de preocupação das autoridades, por estar em situação de transmissão comunitária da covid-19.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou cerca de 267 mil mortos e infetou mais de 3,8 milhões de pessoas em 195 países e territórios.