O Brasil registou deflação de 0,31% em abril, o menor índice em 22 anos, informou hoje o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo o órgão responsável pelas estatísticas do Governo brasileiro, o recuo foi puxado pela queda de 9,59% no preço dos combustíveis.
"O resultado de abril foi muito influenciado pela série de reduções nos preços dos combustíveis, principalmente da gasolina, que caiu bastante e puxou o índice para baixo", explicou o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.
No período em que houve a recolha dos dados usados pelo IBGE houve dois anúncios de diminuição no preço da gasolina no país, um em 28 de março, de 5%, e outro em 20 de abril, de 8%.
A deflação em abril também foi consequência da queda da procura durante as restrições de mobilidade adotadas para combater o novo coronavírus, que no Brasil já provocou o registo de 135.106 casos confirmados e 9.146 mortes.
Outras áreas também tiveram impacto para o resultado negativo da inflação no Brasil em maio, como o segmento de artigos de residência (-0,05 pontos percentuais), seguido da saúde e cuidados pessoais (-0,03 pontos percentuais) e habitação (-0,02 pontos percentuais) e energia elétrica (-0,76%).
Apesar da queda nos preços em quase todos os setores, nos alimentos subiram 1,79% no país em abril.
Segundo Kisnalov, nesse setor, "existe uma relação entre a restrição de oferta, natural nos primeiros meses do ano, e o aumento da demanda causada pela pandemia da covid-19, com pessoas indo mais ao mercado, cozinhando mais em casa".
Os dados indicam que no acumulado do ano o Brasil registou uma inflação de 0,22% e, nos últimos 12 meses, a subida dos preços ficou em 2,40%.
Economistas do mercado financeiro, que já reviram as suas projeções levando em consideração o impacto do novo coronavírus, projetam que o Brasil termine o ano de 2020 com inflação de 1,97%, a mais baixa desde 1998 (1,65%), de acordo com o boletim Focus, pesquisa realizada semanalmente pelo Banco Central brasileiro junto de 100 analistas do mercado.