O Museu Nacional de Soares dos Reis, no Porto, deve reabrir no verão, com o fim das obras de remodelação que atrasaram devido à covid-19, assinalando a 18 de maio a retoma em espaços culturais com novos conteúdos ‘online’.
A informação foi hoje avançada à Lusa pela diretora do museu, Maria João Vasconcelos, explicando que, após alguns meses de encerramentos parciais, o espaço fechou a 13 de março “por causa da empreitada de remodelação”, na altura com a previsão de reabrir “no fim de abril ou início de maio”, mas “as obras tiveram um atraso e não estão prontas”.
“Equacionámos uma abertura parcial, mas ficou decidido que, quando abrir, abrirá na totalidade. No dia 18 [data apontada pelo Governo para a reabertura de museus, palácios e monumentos], reabriremos digitalmente, mostrando ‘online’ algumas coleções ou peças em reserva há muitos anos. A reabertura [do espaço] está prevista, provavelmente, durante o verão”, adiantou Maria João Vasconcelos.
De acordo com a responsável, “logo que possível será anunciada a data [da reabertura] e as novas normas” de funcionamento devido à covid-19.
Até lá, o Soares dos Reis “vai ter alguma presença nos meios de divulgação atuais”, nomeadamente ‘online’.
A “abertura digital” só vai ter todos os detalhes desvendados no dia do arranque, segunda-feira, dia 18, mas Maria João Vasconcelos afasta desde já a hipótese de visitas virtuais ao Soares dos Reis.
“Temos muita gente em teletrabalho. Estão a ser preparados conteúdos sobre as coleções que vão começar a estar disponíveis ‘online’. As peças do museu, em vez de terem só uma informação básica, vão ter informações mais desenvolvidas, nomeadamente pelos vários curadores”, descreveu.
A obra de remodelação do museu, orçada em mais de um milhão de euros, começou em agosto e nunca parou.
Mas, explicou a diretora, teve de se adaptar às normas de distanciamento social impostas pela pandemia do novo coronavírus e houve “alguns atrasos nas entregas de materiais”.
O encerramento do museu a 13 de março, último dia de aulas presenciais nas escolas públicas, foi uma coincidência, observou a diretora.
“Estava previsto fechar completamente, por causa das obras. Foi a data de encerramento da última exposição. Previa-se, então, reabrir parcialmente no fim de abril ou início de maio”, recordou.
De acordo informações divulgadas no fim de semana pela Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), o Museu Nacional Soares dos Reis conta com “um projeto de Modernização e Dinamização, incluindo a requalificação das salas de exposição, de forma a dotá-las de novo equipamento, bem como a realização de exposições temporárias”.
De acordo com a DGPC, o projeto “tem um investimento total aprovado de 1.258.887,94 euros e um apoio de 890.876,50 euros do FEDER”.
O Soares dos Reis encerrou no início de março o "andar nobre" da instituição, no âmbito das obras de reabilitação do edifício.
Na ocasião, em comunicado, a DGPC lembrou que "a exposição permanente tem sido encerrada progressivamente acompanhando o ritmo da execução da obra" de modernização do mais antigo museu público do país.
Em agosto de 2019, o Soares dos Reis anunciou que iria encerrar parcialmente, devido ao começo da primeira de duas fases das obras de recuperação e manutenção.
Primeiro museu público de arte do país, o Museu Nacional de Soares dos Reis foi fundado como Museu Portuense de Pinturas e Estampas, em 1833, com o objetivo de "recolher os bens confiscados aos conventos abandonados do Porto e aos extintos de fora do Porto (mosteiros de S. Martinho de Tibães e de Santa Cruz de Coimbra)", como explica a página da instituição.
O museu adquiriu o estatuto de nacional em 1932, e mudou-se para o Palácio dos Carrancas oito anos depois, onde permanece desde então.
"No âmbito das Artes Plásticas salientam-se os núcleos de pintura e escultura do século XIX e primeira metade do XX. Nas Artes Decorativas distingue-se a cerâmica, com uma mostra de faiança nacional e porcelana oriental, e ainda peças de ourivesaria, joalharia, vidros e mobiliário dos séculos XVI a XIX", pode ler-se na página da DGPC, que tutela o museu.
A coleção de pintura, em particular, é constituída por 2.500 objetos com datas do século XVI ao XX, destacando-se obras de Silva Porto, Marques de Oliveira, Henrique Pousão, Aurélia de Sousa e António Carneiro, entre outros.