A transportadora aérea Ryanair estima ter perdas de 100 milhões de euros entre abril e junho devido ao cancelamento de viagens por causa da pandemia de covid-19, após um total de 25 milhões de passageiros com voos anulados.
“Tivemos um colapso no tráfego aéreo – 99% do nosso tráfego desapareceu – e já dissemos ao mercado que vamos perder 100 milhões [de euros] num trimestre, entre abril, maio e junho”, afirma em entrevista à agência Lusa o presidente executivo da Ryanair, Eddie Wilson.
De acordo com o responsável, “o que aconteceu foi que a empresa teve de cancelar voos” devido à pandemia de covid-19 e às medidas restritivas adotadas pelos governos europeus para tentar conter o surto, sendo essa a razão para estas perdas, às quais se juntarão as dos meses de julho a setembro, um trimestre forte para a Ryanair por abranger o pico do verão.
Ao todo, foram já cerca de 25 milhões os clientes da transportadora que tiveram voos cancelados desde meados de março, quando as restrições nas deslocações começaram a ser implementadas.
“A dimensão disto é enorme. Estamos a falar de mais de 25 milhões de passageiros [com voos cancelados]. Penso que a [companhia aérea portuguesa] TAP opera com nove milhões de passageiros por ano e nós temos 25 milhões que não viajaram em março, abril e maio”, compara Eddie Wilson.
E, à semelhança das outras transportadoras aéreas que enfrentam grandes dificuldades de liquidez, a Ryanair não é exceção, sendo inclusive uma das mais afetadas na Europa por ter um modelo de negócio exclusivamente baseado nas receitas com passageiros.
“Não estamos a ter qualquer receita e o nosso foco é voltar a voar para que possamos retomar algum nível de normalidade”, assinala Eddie Wilson à Lusa, admitindo, ainda assim, que “serão necessários alguns anos” para que a Ryanair volte aos níveis do ano passado.
“Estamos a falar de, pelo menos, dois anos, mas teremos de esperar para ver”, acrescenta o responsável, notando que isso depende também da procura, e se “existirão reservas e se as pessoas terão confiança para viajar”.
Desde o início dos limites às viagens, aplicados em meados de março, a Ryanair só tem feito cerca de 30 voos por dia entre a Irlanda, o Reino Unido e a Europa, e espera agora passar para cerca de 1.000 ligações diárias, operando com menos frequência do que o habitual.
Anterior responsável pelo departamento de pessoal da Ryanair, Eddie Wilson é presidente executivo da companhia aérea de baixo custo desde setembro de 2019, tendo substituído no cargo Michael O'Leary, que passou a liderar todo o grupo.
Sediada na Irlanda, a companhia aérea Ryanair pertence ao grupo aeronáutico com o mesmo nome, que inclui também empresas como a Buzz, Lauda e Malta Air, transportando normalmente cerca de 150 milhões de passageiros por ano, num total de mais de 2.400 voos diários operados a partir de 82 bases na Europa e norte de África.
A companhia liga cerca de 200 destinos em 40 países.