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Covid-19: Nas lojas de Fátima aparecem mais jornalistas do que clientes

As ruas de Fátima estão quase vazias naquela que seria uma das peregrinações mais concorridas do ano. Junto ao Santuário, veem-se hoje mais militares da GNR do que pessoas e numa loja que reabriu apareceram mais jornalistas que peregrinos.

Covid-19: Nas lojas de Fátima aparecem mais jornalistas do que clientes
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"Reabrimos na segunda-feira. Temos tido mais jornalistas a fazer perguntas que clientes", contou à agência Lusa Joana Gomes, de um estabelecimento próximo do recinto, referindo que hoje a faturação, a meio da tarde, ainda estava a zero.

Pelas ruas à beira do Santuário, as histórias dos comerciantes que decidiram abrir e não registaram um cliente sequer repetem-se.

Este ano e pela primeira vez na sua história, a peregrinação vai decorrer sem peregrinos, devido à pandemia da covid-19.

Joana Gomes já só espera que na peregrinação de outubro tudo esteja normalizado, salientando também a importância do regresso dos turistas e peregrinos estrangeiros que representavam uma fatia cada vez mais significativa da faturação das lojas de Fátima.

"Hoje, disse à esposa que ia trabalhar para a EDP", contou à agência Lusa Carlos Saraiva, lojista com estabelecimento perto do Santuário de Fátima, referindo que hoje vendeu apenas seis velas a uma pessoa da cidade, que queria acendê-las à noite, na janela da sua casa.

"Estava parado em casa e surge o bichinho e penso que se calhar estou fechado e até vou ter alguns clientes. Chego aqui e penso que mais valia ter ficado em casa", desabafou Carlos Saraiva.

Clara Cristina reabriu hoje a sua loja, porque lhe custava ter o estabelecimento fechado num dia tão especial para Fátima.

"Tive três clientes. Devo ter feito seis euros", contou a comerciante.

Junto ao portão do Santuário, uma habitante de Fátima parou para rezar, antes de voltar a casa, onde acompanhará as celebrações, a custo.

"É uma emoção muito grande. Ver isto como quando veio o Papa cheio de gente e agora ver o recinto vazio é triste", afirmou a habitante, com algumas velas na mão, que se escusou a dar o nome.

Também nas proximidades uma família de sete pessoas - um casal, três filhos e dois avós - procurava perceber se poderia assistir às celebrações junto aos portões fechados do recinto.

Vítor Azevedo contou que a família chegou na segunda-feira para garantir que a sua mãe cumpria uma promessa.

"Durante 40 anos, fiz a pé e venho todos os anos", contou Amélia Campos, de 74 anos.

Vítor Azevedo estava à espera de poder assistir às cerimónias de hoje e quarta-feira junto aos portões fechados do recinto, mas já foi avisado pela GNR que tal não será possível.

"Acho um exagero, mas temos que respeitar", comentou.

De acordo com o oficial de relações públicas da GNR, Davide Ferreira, a situação "está tranquila" e, "na generalidade, as pessoas acataram as indicações para não se deslocar ao Santuário".

"As pessoas que encontramos, na maioria, são residentes e aparece um ou outro peregrino que não tinha informação e, deparando-se com o Santuário fechado, abandona o local", referiu, salientando que a operação que decorre nas principais vias de norte a sul do país também registou muito poucos casos de peregrinos a pé, sem avançar com um número exato.

"Sem trânsito e sem pessoas", resumiu Davide Ferreira, esperando cenário idêntico assim que comecem as celebrações, às 21:30 de hoje.

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