O Governo brasileiro informou hoje que o Produto Interno Bruto (PIB) do país deve recuar 4,7% em 2020, afetado pela paralisação das atividades económicas durante a pandemia provocada pelo novo coronavírus.
As projeções da Secretaria de Política Económica “apontam para queda de 4,7% no PIB em 2020”, diz um relatório sobre a crise gerada pela covid-19 produzido e divulgado pelo Ministério da Economia do país.
"A cada semana que a economia permaneça com restrições de movimentação de bens, serviços e pessoas, há uma perda imediata de 20 mil milhões de reais [3,1 mil milhões de euros], além das perdas crescentes em PIB de longo prazo e na dificuldade de recuperação", acrescentou o relatório.
O texto apresentou o diagnóstico de que a paralisação da economia no longo prazo pode gerar "custos incalculáveis, levando milhões de trabalhadores ao desemprego, milhões de famílias para baixo da linha da pobreza e à falência de um número substancial de empresas”.
Diante deste cenário, o relatório defendeu que é fundamental que a agenda pós-pandemia se concentre na redução do desemprego, na redução da pobreza e na retoma e criação de empresas.
Para tanto, o Ministério da Economia brasileiro defendeu as chamadas reformas pró-mercado que avalia serem fundamentais e que devem estar centradas no incentivo a investimentos da iniciativa privada e controlo dos gastos públicos para evitar uma subida descontrolada da dívida pública.
Neste ponto, o relatório advogou uma agenda de consolidação fiscal e combate à má alocação de recursos a partir de uma abertura económica, privatizações e concessões, reforma tributária, revisão das desonerações e subsídios públicos, entre outras medidas.
O Brasil apresentou indicadores económicos negativos desde que a pandemia provocada pelo novo coronavírus chegou ao país, no final de fevereiro, quando o primeiro caso de covid-19 foi oficialmente registado.
Sob os efeitos da pandemia, o setor de serviços brasileiro recuou 6,9% em março e as vendas no retalho registaram queda de 2,5% no mesmo período, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O desemprego no país sul-americano também cresceu, pois o IBGE atestou que 1,2 milhões de brasileiros entraram na fila do desemprego nos últimos três meses, período em se sentiu os primeiros impactos da pandemia.
O Brasil tem 177.589 casos confirmados e 12.400 mortes provocadas pelo novo coronavírus.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 292 mil mortos e infetou mais de 4,2 milhões de pessoas em 195 países e territórios. Mais de 1,4 milhões de doentes foram considerados curados.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.