O presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP) reconheceu hoje o «esforço» do Comité Olímpico Internacional (COI) ao apoiar o Movimento Olímpico com 140 milhões de euros, porém, espera que o governo português também ajude o desporto.
“Em princípio é uma boa notícia. Não tenho noção da dimensão do problema à escala global. Não tenho como avaliar se a dotação financeira é suficiente para fazer face às realidades. Ainda não sei critérios para esse apoio, como se vai traduzir relativamente aos comités olímpicos nacionais”, disse José Manuel Constantino.
Em declarações à agência Lusa, o dirigente comentava as medidas hoje anunciadas pelo COI de 140 milhões de euros a distribuir pelos comités olímpicos nacionais e as federações internacionais, além de 600 milhões para a organização de Tóquio2020, adiada para 2021, de 23 de julho a 08 de agosto.
“Estávamos na expectativa de receber esse apoio do COI, não a fundo perdido, mas para poder compensar despesas já efetuadas no pressuposto de que os Jogos seriam disputados em 2020”, esclareceu José Manuel Constantino.
O COP já adiantou 100 mil euros e, até ao fim do atual exercício, essa verba deve fixar-se nos 150 mil euros, relativamente a viagens e estadias, em montantes protocolados com o COI, que será quem os vai pagar.
José Manuel Constantino admite que o adiamento dos Jogos “podia levar a um protelamento do ressarcimento da despesa feita que não era coberta no respetivo exercício”.
“Posso admitir que uma parte dessa dotação é precisamente para compensar a despesa efetuada. Se vier em 2020, não virá em 2021, pelo menos parte dela”, advertiu, ciente de que “é preciso conhecer os critérios da distribuição desse apoio, sem prejuízo de reconhecer que é um esforço significativo do COI”, afirmou.
O presidente do COP recordou também as medidas de apoio ao desporto preconizadas por diversos governos, elogiando os exemplos de Espanha, França, Suíça, Canadá e Estados Unidos, esperando que o executivo português dê uma resposta idêntica e se “chegue à frente”.
“Apresentámos uma proposta de criação de um fundo de emergência especial de apoio ao desporto. Apresentámos uma solução. Ontem (quarta-feira) recebemos um ofício do secretário de Estado da Juventude e Desporto dando conta da sua boa receção, mas não sabemos se está a ser feito algum trabalho político, alguma diligência, se estão a trabalhar no assunto. Espero que estejam e oportunamente o governo possa anunciar medidas de apoio ao setor desportivo”, sublinhou.
Na semana passada, o COP propôs ao Governo a redistribuição das receitas dos jogos sociais e das apostas desportivas para a criação de um fundo de apoio ao desporto, face às dificuldades provocadas pela pandemia de covid-19.
José Manuel Constantino acredita que o governo “não deixará, na medida das suas possibilidades, de dar também uma resposta ao setor desportivo como aos outros setores”.
“O desporto não pode ficar de fora, uma área social importante no país e com quebras significativas nas suas atividades com consequências muito gravosas sobretudo no tecido associativo de base e é preciso munir as organizações desportivas de meios para poder acudir a asses situações”, concluiu.
Após a declaração de pandemia, em 11 de março, as competições desportivas de quase todas as modalidades foram disputadas sem público, adiadas – Jogos Olímpicos Tóquio2020, Euro2020 e Copa América -, suspensas, nos casos dos campeonatos nacionais e provas internacionais, ou mesmo canceladas.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 297 mil mortos e infetou mais de 4,3 milhões de pessoas em 196 países e territórios.