O Absa Bank Moçambique considera prioritário criar linhas de financiamento para apoio à economia, além das medidas já implementadas pelo banco central para financiamentos existentes, face aos impactos da pandemia de covid-19.
As medidas já reveladas "poderão ser insuficientes para ajudar os setores mais afetados pela pandemia e com necessidades de liquidez adicional ou para promover o investimento em novas oportunidades", refere Bernardo Aparício, membro da comissão executiva e diretor da Banca Corporativa e Investimentos, do Absa.
A ideia foi exposta em resposta a questões colocadas pela Lusa: "Depois da crise da dívida e dos ciclones, era esperado que 2020 fosse o ano da retoma e a rampa de lançamento para uma performance semelhante à primeira metade da década passada", mas o cenário mudou.
Nesta altura, os bancos "irão tendencialmente reduzir o seu apetite de risco para proteger o seu capital, tendo em conta que as perdas irão aumentar", acrescenta, numa alusão aos resultados dos bancos globais no primeiro trimestre.
A nível regional e global, "os governos estão a disponibilizar garantias aos bancos" para darem crédito à economia ou a determinadas áreas, "similar ao que já acontece para alguns sectores em Moçambique, de forma a fazer fluir crédito à economia ".
Outra prioridade passa pela desburocratização da importação e exportação "para aumentar a eficiência das empresas moçambicanas e salvaguardar os seus colaboradores".
O dirigente do Absa recomenda também a "canalização da ajuda internacional para promover o consumo interno", por exemplo, através de "investimento público ou distribuição de rendimentos às famílias", tendo em atenção os "setores chaves da economia e com prioridade para produtos e serviços locais".
O Governo moçambicano e o banco central têm anunciado desde março um conjunto de medidas destinadas a minimizar o impacto da covid-19, entre as quais, um relaxamento das obrigações e condições de operação da banca, que também reduziu algumas taxas e comissões aos clientes.
Os bancos comerciais podem renegociar os termos de empréstimos dos clientes afetados pela pandemia sem custos adicionais e foi criada uma linha de financiamento de 500 milhões de dólares (462 milhões de euros) para apoiarem clientes na importação de bens e de matérias-primas.
O Governo moçambicano aprovou também, este mês, uma isenção do IVA para açúcar, óleo e sabão.
A Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), principal associação patronal, tem pedido mais medidas, nomeadamente, uma redução das tarifas de eletricidade e água.
O banco Absa (ex-Barclays) é o quarto banco em Moçambique, em termos de quota de mercado, contabilizada por total de ativos, e depósitos de acordo com o mais recente 'ranking' publicado no final de 2019 pela consultora KPMG e pela Associação Moçambicana de Bancos, com base em dados de 2018.
Moçambique tem um total acumulado de 115 casos de infeção pelo novo coronavírus, sem mortes e com 42 recuperados.
O país vive em estado de emergência desde 01 de abril e até final de maio, com espaços de diversão e lazer encerrados, proibição de todo o tipo de eventos e de aglomerações, recomendando-se à população que fique em casa, se não tiver motivos de trabalho ou outros essenciais para tratar.
Durante o mesmo período, há limitação de lotação nos transportes coletivos com obrigatoriedade do uso de máscaras, as escolas estão encerradas e a emissão de vistos para entrar no país está suspensa.