Pelo menos 3.728 pessoas em Angola viram extintos os seus postos de trabalho e suspensos contratos laborais, nos últimos dois meses, pelo facto das empresas apresentarem «graves problemas de tesouraria», agravados pela covid-19, disse hoje fonte oficial.
Os setores da construção, petróleos, indústria e serviços são os mais afetados.
A situação "preocupante" foi apresentada pela ministra da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social angolana, Teresa Rodrigues Dias, na abertura de um encontro de auscultação com os empregadores que decorreu em Luanda.
Aludindo aos dados estatísticos da Inspeção-Geral do Trabalho dos últimos dois meses, período em que o país se encontra em estado de emergência para conter a propagação da pandemia provocada pelo novo coronavírus, a governante considerou que o número de pessoas afetadas "é considerável".
Os "reais motivos" sobre as medidas ou decisões dos empregadores constituiu o fundamento básico do encontro, que visou também procurar soluções para travar os despedimentos nesta fase de emergência.
Segundo a governante angolana, a pandemia "lamentavelmente tem refletido negativamente na vitalidade das empresas, na execução de determinadas políticas, como o fomento de emprego".
"Esta situação motivou o executivo angolano a aprovar, por via do decreto presidencial n.º 98/20, de 09 de abril, as medidas imediatas de alívio dos efeitos económicos e financeiros provocados pela covid-19", disse.
Num portal do Ministério da Economia e Planeamento (www.alivioeconomico.org) estão determinadas as "medidas de caráter imediato" adotadas pelo Governo angolano em resposta aos efeitos da pandemia nas empresas e famílias.
Para "assegurar o apoio financeiro para a manutenção mínima" dos níveis de atividade das micro, pequenas e médias empresas do setor produtivo, o Governo angolano disponibiliza cerca de 488 mil milhões de kwanzas, conforme noticiou anteriormente a Lusa.
Hoje, Teresa Rodrigues Dias sublinhou que as medidas descritas no decreto presidencial "demonstram, de forma inequívoca, a grande preocupação do titular do poder executivo, para com as empresas que operam no território angolano".
"Para a garantia da estabilidade económico-financeira, bem como a salvaguarda das relações jurídico-laborais dos nossos concidadãos que, no seu labor, garantem a sustentabilidade das suas famílias", adiantou.
O encontro de auscultação dirigido pelo Ministério da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social em parceria com outros departamentos ministeriais foi uma orientação do ministro de Estado para a Coordenação Económica.
Angola conta já com 48 casos confirmados da covid-19, nomeadamente 32 casos ativos, dois óbitos e 14 recuperados.
O país cumpre a terceira prorrogação do estado do estado de emergência que estende até 25 de maio.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 302 mil mortos e infetou quase 4,4 milhões de pessoas em 196 países e territórios.
Mais de 1,5 milhões de doentes foram considerados curados.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.