José Fonte lamenta adiamento do Europeu e elogia Renato Sanches

Sem jogar desde 8 de março, a decisão do governo francês de não permitir o recomeço do desporto levou José Fonte a uma longa paragem desportiva. O jogador, de 36 anos, assume tristeza pela ausência de competição, mas revela o lado bom da quarentena: “Como a minha família não vive comigo em França, tenho aproveitado para estar mais tempo com eles e tem sido excelente. Tenho desfrutado do tempo com os meus filhos e família. Mas claro que o final da época em França foi uma desilusão, pois vínhamos de uma fase excelente. Estávamos a fazer uma recuperação fantástica, já estávamos a um ponto do Rennes e a sete do Marselha, que estava em 2.º e dá acesso direto à Champions, que era o nosso grande objetivo. Agora é focar já na próxima época, pois vamos começar a treinar dia 12 de junho”.

Fonte, que nas duas últimas épocas somou 71 partidas pelo Lille, tem, agora, Renato Sanches como companheiro. O ex-Benfica esteve em destaque em 2019-20 e José Fonte tece rasgados elogios ao jovem: “Está, sem dúvida, um jogador diferente para melhor. Em pouco tempo tornou-se, talvez, no nosso jogador mais importante. Agora entende todas as fases do jogo, taticamente está muito bom, quer sempre melhorar. Hoje é, sem dúvida, um jogador melhor”.

O central, que assume já ter “saudades do futebol”, soma 42 internacionalizações e foi peça-chave para a conquista do Euro’2016, mas só se estreou pela seleção com 31 anos. José Fonte recordou o difícil percurso que o levou até à equipa das quinas: “O sonho da seleção foi crescendo ao longo dos anos. Eu cheguei a Inglaterra aos 24 anos, para o Crystal Palace, que estava no Championship. Dois anos e meio depois, ainda estava no Championship, e tomei a decisão de ir para a League One, para o Southampton. Foi a decisão mais acertada que tomei. Dois anos depois estava na Premier League e, após dois anos de Premier League, estava na seleção. Não vou negar que, aos 31 anos, a esperança estava a diminuir, sobretudo devido à chegada do míster Fernando Santos, que me tinha dispensado tanto no Sporting como no Benfica. Mas o míster Fernando Santos mostrou toda a sua grandeza, confiou em mim, e passado um ano já era campeão europeu. Agradeço ao míster Fernando Santos por acreditar em mim quando talvez já eu nem acreditasse que fosse possível. Pelo míster Fernando Santos jogo até aos 50 anos”, referiu o central.

José Fonte, que referiu que “vencer o Euro’2016 foi, sem dúvida, o melhor momento da minha carreira”, assegurou que a seleção olha mais alto. “Queremos mais. Foi uma pena que o Euro tivesse sido adiado, porque queremos ser bicampeões europeus”, assegurou.

Em relação ao futuro, José Fonte salienta o “agradecimento” para com o Lille, um clube que “depositou muitas expectativas em mim”, ainda que não coloque de parte a hipótese de ainda jogar em Portugal. “O Sporting, sendo o clube que me formou e onde cresci, tem sempre espaço no coração. Sinto-me feliz e acarinhado no meu clube, mas no futebol tudo é possível e é sempre prestigiante jogar no Sporting, Benfica ou FC Porto”, assegurou o central, que recordou a história “caricata” de Papa Waigo, seu companheiro no Southampton, que “antes dos jogos ligava à mãe para matar uma galinha, por superstição.”

Finalmente, Fonte assegurou a “vontade de continuar num cargo ligado ao futebol quando acabar a carreira. Quero jogar mais dois ou três anos a alto nível e depois estar ligado ao futebol, o mundo que percebo melhor”. O central aproveitou para mandar uma mensagem de agradecimento aos portugueses: “Aprecio todas as palavras de carinho que as pessoas me dão, vivo muito dessa força”, explicou.

A entrevista completa pode ser vista aqui.