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Covid-19: Governo cabo-verdiano revê contas de 2020 com recessão superior a 5%

O Governo cabo-verdiano estima que a riqueza produzida no país recue em 2020 a níveis de há dois anos, devido à covid-19, com uma recessão superior a 5%, segundo cálculos da Lusa baseados em documentos oficiais.

Covid-19: Governo cabo-verdiano revê contas de 2020 com recessão superior a 5%
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De acordo com a previsão inscrita das Contas Provisórias do Estado do primeiro trimestre, do Ministério das Finanças, que já integra uma revisão após a crise provocada pela pandemia e que antecede a apresentação, em junho, de um novo Orçamento do Estado para este ano, o Produto Interno Bruto (PIB) do país em 2020 deverá agora situar-se nos 185.776 milhões de escudos (1.675 milhões de euros).

Trata-se de um corte de 12%, tendo em conta que a previsão inicial, no Orçamento ainda em vigor, era de 211.095 milhões de escudos (1.904 milhões de euros), equivalente a uma descida de quase 230 milhões de euros na riqueza a produzir este ano em todo o país, entre a expetativa inicial e a revisão após os efeitos da pandemia.

Segundo dados revelados anteriormente pelo Instituto Nacional de Estatística, o PIB cabo-verdiano - toda a riqueza produzida pelo país – cresceu 6,1% em 2019, face ao ano anterior, ao passar de 184.661 milhões de escudos (1.670 milhões de euros) para 195.929 milhões de escudos (1.772 milhões de euros).

Com esta revisão em cima da mesa, a economia cabo-verdiana deverá cair quase 5,2% em 2020, face a 2019.

Um quarto da riqueza nacional do arquipélago depende das receitas do turismo, mas o país está fechado a voos internacionais desde março, para travar a pandemia, e o Governo já admitiu que deverá perder meio milhão de turistas em 2020, depois de em 2019 ter alcançado um recorde de 819 mil.

“As perspetivas para a economia nacional em 2020 agravaram de forma rápida e significativa em resultado dos choques direto e indireto provocados pela pandemia da covid-19”, comentou o vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Olavo Correia, a propósito das Contas Provisórias do Estado dos primeiros três meses e recordando as previsões de recessão mundial devido à pandemia.

Uma das consequências da revisão em forte baixa da previsão do PIB cabo-verdiano prende-se com o aumento do peso do stock da dívida pública do país: “Tendo em conta os efeitos da covid-19 e o novo PIB projetado para 2020, tem-se que no primeiro trimestre o rácio stock da dívida pública/PIB atingiu provisoriamente 131,5%”, lê-se no documento com as Contas Provisórias do Estado.

Segundo o relatório, à data de 31 de março, o stock da dívida do Governo central “atingiu o montante de 244.370 milhões de escudos [2.205 milhões de euros]”, equivalente assim a “131,5% do PIB estimado pelo Ministério das Finanças”, em que 95,5% corresponde a dívida contraída externamente.

Trata-se de um aumento homólogo de 14,5 pontos percentuais, conforme nota o mesmo documento, explicado ainda com o “crescimento da dívida externa”: “É justificado pela ocorrência de novos desembolsos referentes a projetos em fase de implementação assim como pela desvalorização do escudo cabo-verdiano em relação a algumas divisas [dólares] que constituem o portefólio”.

O vice-primeiro-ministro admitiu em abril um cenário de défice orçamental, devido à pandemia, que dispara este ano de 2 para 10% do PIB, com a correspondente “explosão” da dívida pública e uma recessão económica, na previsão de então, de 4 a 5% do PIB, contra o crescimento anual acima de 5% que se registava até agora.

O quadro, reconheceu na ocasião, era composto ainda, “no melhor cenário”, pela duplicação do desemprego, cuja taxa poderá chegar aos 20% e a quebra de 18 mil milhões de escudos (163 milhões de euros) em receitas públicas.

Cabo Verde tem um acumulado de 328 casos de covid-19 (262 na Praia, ilha de Santiago), dos quais três resultaram em óbito e 84 foram, entretanto, dados como recuperados.

O novo coronavírus responsável pela presente pandemia de covid-19 foi detetado na China em dezembro de 2019 e já infetou mais de 4,7 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais mais de 316.000 morreram. Mais de 1,7 milhões foram já dados como recuperados.

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