O papa Francisco anunciou hoje a celebração de um «ano especial» para refletir sobre a necessidade de preservar o meio ambiente, no quinto aniversário da publicação da sua encíclica «Laudato si» sobre este tema.
Este programa especial terminará em 24 de maio de 2021 e tem por objetivo chamar a atenção para o “grito da Terra e dos pobres”, segundo anunciou hoje o papa, após a oração do Regina Coeli, que substitui o Ângelus mariano no período pascal.
“Convido todas as pessoas de boa vontade a juntarem-se para cuidar da nossa casa comum e dos nossos irmãos e irmãs mais frágeis”, disse.
O programa contará com iniciativas como seminários, encontros e também prémios, e é organizado pelo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, explicou o coordenador do setor de Ecologia do dicastério, Joshtrom Kureethadam, ao portal “Notícias do Vaticano”.
O sacerdote expressou o seu desejo de que este aniversário especial da encíclica “possa converter-se num tempo de graça para mudar de rota” no mundo.
“O que nos impressionou, também com o coronavírus, é que não podemos voltar à nossa antiga forma de viver, mas devemos criar um mundo mais justo, igualitário, fraternal e mais sustentável”, sustentou.
Na sua opinião, a pandemia “pôs em evidência a fragilidade” do Homem, mas também a “interconexão e interdependência” do planeta, demonstrando como é “importante” a solidariedade entre os vários povos para enfrentar os desafios futuros.
Joshtrom Kureethadam adiantou ainda que a iniciativa conta já com uma grande participação de centenas de organizações e de milhares de pessoas, destacando o fórum “A economia de Francisco", adiado para novembro devido ao coronavírus e que reunirá jovens economistas e empresários de todo o mundo.
Este “ano especial” culminará em maio de 2021, com uma conferência internacional, sobre a qual não avançou mais detalhes.
No âmbito deste ano de atividades sobre o meio ambiente e a sustentabilidade, o papa Francisco lançou uma oração especial em que pede pelos necessitados, pobres e vulneráveis “nestes tempos difíceis”, e apela à “solidariedade” para enfrentar as consequências da pandemia.
“Ajuda-nos a mostrar solidariedade criativa ao enfrentar as consequências desta pandemia global, faz-nos valentes para aceitar as mudanças necessárias ao bem comum. Agora, mais do que nunca, podemos sentir que estamos todos interconectados e interdependentes”, apelou o papa na sua oração.
Francisco presidiu ao Regina Coeli a partir do interior do Palácio Apostólico, embora, pela primeira vez desde há quase três meses, na praça de São Pedro o escutassem alguns fiéis, já que Itália está em processo de desconfinamento desde segunda-feira.
Ainda assim, no final da oração dominical, o papa assomou, como de costume, à janela do Palácio, para benzer os fiéis que o aclamavam.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 342 mil mortos e infetou mais de 5,3 milhões de pessoas em 196 países e territórios.
Mais de dois milhões de doentes foram considerados curados.
Em Portugal, morreram 1.316 pessoas das 30.623 confirmadas como infetadas, e há 17.549 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano passou a ser o que tem mais casos confirmados (mais de 2,4 milhões, contra dois milhões no continente europeu), embora com menos mortes (mais de 142 mil, contra mais de 173 mil).
Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), paralisando setores inteiros da economia mundial, num “grande confinamento” que vários países já começaram a aliviar face à diminuição dos novos contágios.