O Governo não está a equacionar qualquer cerca sanitária na Azambuja, disse hoje a ministra da Saúde, numa altura em que o centro logístico da Sonae naquela localidade já regista 109 casos positivos de covid-19.
“Cercos sanitários, neste momento, não são algo que estejamos a equacionar”, disse Marta Temido na conferência de imprensa diária conjunta com a Direção-Geral da Saúde (DGS) para um ponto de situação da pandemia de covid-19 em Portugal.
A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, referiu que a última atualização, cerca das 12:00, dava conta de 109 casos positivos detetados no centro logístico da Sonae na Azambuja, de dois noutra empresa e três numa terceira empresa neste concelho do distrito de Lisboa.
“Relativamente a estes 109 positivos da Sonae há a referir que estão todos bem, têm todos sintomas ligeiros ou estão mesmo assintomáticos. Apenas um está internado, mas este doente que está internado está em enfermaria com uma situação estável do ponto de vista clínico”, adiantou Graça Freitas.
Depois de no sábado ter afirmado que a origem dos surtos na região de Lisboa e Vale do Tejo se explicam sobretudo com comportamentos individuais de maior relaxamento nas pausas no trabalho, a ministra disse hoje que as pausas fazem parte do período normal de trabalho e que referir uma maior descontração nesses momentos “não significa que haja uma desresponsabilização das entidades que coordenam o local de trabalho”.
“Obviamente que os contactos que estão a ser feitos são com as entidades empregadoras e envolvem todas estas dimensões e vertentes e envolvem outros aspetos acessórios ao trabalho se eles estão incluídos na prestação de trabalho”, afirmou Marta Temido, em resposta a uma pergunta sobre condições de habitabilidade de trabalhadores quando estas são asseguradas pelas empresas.
Tanto a ministra como a diretora-geral de Saúde referiram o trabalho de contactos com as empresas, as autoridades locais e as autoridades de saúde, para rastrear contactos comunitários dos infetados, muitas vezes nas suas zonas de residência.
Graça Freitas referiu que “os inquéritos epidemiológicos são verdadeiras investigações quase policiais para determinar o percurso de um determinado indivíduo”, que procuram perceber a origem da infeção e o risco de infeção para terceiros.
Ao nível das empresas estão a ser feitas reuniões para organizar os momentos de pausa dos trabalhadores, circuitos de circulação e entradas e saídas, para evitar aglomerações nesses locais.
Graça Freitas rejeitou ainda testes em massa na Azambuja, recordando a imagem de um teste como uma fotografia instantânea, o retrato do momento que não permite excluir infeções no dia seguinte ou até nas horas seguintes.
“O plano racional para fazer testes é de acordo com uma estratificação do risco e é isso que tem estado a ser feito na Azambuja. Não é massivamente testar, mas testar em função de determinadas características, de determinada avaliação do risco, portanto é isso que está a ser feito, quer na empresa Sonae, quer nas empresas que foram testadas à volta”, disse.
Portugal contabiliza 1.316 mortos associados à covid-19 em 30.623 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia.
Portugal entrou no dia 03 de maio em situação de calamidade devido à pandemia, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de março.
Esta nova fase de combate à covid-19 prevê o confinamento obrigatório para pessoas doentes e em vigilância ativa, o dever geral de recolhimento domiciliário e o uso obrigatório de máscaras ou viseiras em transportes públicos, serviços de atendimento ao público, escolas e estabelecimentos comerciais.
O Governo aprovou novas medidas que entraram em vigor na segunda-feira, entre as quais a retoma das visitas aos utentes dos lares de idosos, a reabertura das creches, aulas presenciais para os 11.º e 12.º anos e a reabertura de algumas lojas de rua, cafés, restaurantes, museus, monumentos e palácios.