Timor-Leste deve aproveitar os desafios da pandemia da covid-19 para apostar em novos padrões de produção e consumo mais sustentáveis, fortalecendo a resiliência da população e o seu capital humano, defendeu hoje o responsável da ONU no país.
Num artigo de análise enviado à Lusa, Roy Trivedy defende que o país deve “investir na diversificação da economia (a nível nacional e municipal), na construção de capital humano qualificado e no reforço das redes de segurança social do país”.
“Para construir resiliência das comunidades de Timor-Leste para melhor resistirem aos choques futuros (sejam económicos ou climáticos), precisamos de um maior investimento na agricultura e nas pescas, água potável e saneamento, energias renováveis, bem como saúde, educação e proteção social”, acrescenta.
Os desafios criados pela pandemia da covid-19, explica Trivedy, abrem também novas oportunidades às economias, empresas e serviços públicos nacionais, que devem apostar “em padrões de produção e consumos mais sustentáveis e equitativos”.
Isso inclui, disse, “uma maior utilização de energia limpa”, que ajude o país a sair da emergência sanitária para uma situação mais sustentável a longo prazo.
Roy Trivedy considera importante que o país procure garantir que a saída da pandemia não implica a perda de importantes “ganhos de desenvolvimento” alcançados desde a restauração da independência, há 18 anos, em questões como redução do nanismo e raquitismo, igualdade de género, acesso à educação, saúde, água e saneamento e outros serviços.
“Outro ganho importante que deve ser protegido é a paz e a coesão social. As mulheres e os jovens têm um papel fundamental a desempenhar na manutenção da paz e da estabilidade em Timor-Leste”, escreve o coordenador residente das Nações Unidas em Díli.
O país, considera ainda, precisa de “melhores sistemas financeiros e de governação”, com um reforço no investimento no desenvolvimento humano, tanto com mais segurança alimentar para todos como na melhoria da aprendizagem e desenvolvimento de competências para todos, especialmente os jovens.
“Estas são áreas vitais para garantir que, à medida que Timor-Leste sai da emergência COVID-19, juntos construímos uma economia mais sustentável e inclusiva. São também vitais para ajudar Timor-Leste a alcançar as suas aspirações nacionais de desenvolvimento e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável até 2030”, sustenta.
Recordando as previsões negativas sobre a economia – o mais recente relatório do Banco Mundial antecipa que o PIB contraia mais de 5% este ano -, Trivedy nota o risco de que o impacto se continue a fazer sentir “durante vários anos”.
Condicionalismos ao gasto público – o país está em duodécimos desde 01 de janeiro – atrasos na execução dos programas de investimento público devido à covid-19 e até a redução de remessas de timorenses que trabalham no estrangeiro, ajudam a agravar a situação económica, considera.
Timor-Leste não tem atualmente casos ativos de covid-19 e termina na quarta-feira o seu segundo mês de estado de emergência que o Governo e o Presidente da República querem renovar durante mais 30 dias.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 344 mil mortos e infetou mais de 5,4 milhões de pessoas em 196 países e territórios.
Mais de 2,1 milhões de doentes foram considerados curados.