O ministro da Saúde de Cabo Verde afirmou hoje que o estado de emergência na ilha de Santiago deu «melhores condições» à Praia para combater a covid-19, independente da decisão, do Presidente da República, sobre a eventual prorrogação.
“Temos que ter orgulho no que tem sido feito pelas autoridades, mas também pela população”, começou por destacar o governante, em declarações aos jornalistas após uma visita a vários bairros da cidade da Praia onde foram montadas tendas para a realização de testes rápidos à presença do novo coronavírus na comunidade.
Afirmou que “independentemente da continuidade ou não do estado de emergência” em Santiago, associado às medidas de proteção, como o distanciamento social e agora a obrigatoriedade de uso de máscara, esse período contribuiu para os resultados que o país hoje apresenta, dando como exemplo as ilhas da Boa Vista e de São Vicente, que deixaram de ter casos ativos da doença.
A ilha de Santiago é a única do país que permanece em estado de emergência, devido ao foco da doença na cidade da Praia, com um acumulado de mais de 300 casos.
O primeiro estado de emergência foi decretado em 29 de março, em todo o país, e prorrogado sucessivamente até Santiago ser a única ilha nessa situação, desde 15 de maio, sendo também a única com casos ativos da doença.
O atual estado de emergência em Santiago está em vigor até às 24:00 de 29 de maio, tendo o Presidente da República anunciado uma reunião com o Governo e autoridades de saúde, na quarta-feira, para avaliar a sua prorrogação ou não.
Elogiando a “transcendência” demonstrada pela população, desde logo na Praia, há dois meses com a obrigação de permanência na residência, entre outras restrições impostas para controlar a epidemia, Arlindo do Rosário diz que a capital está hoje em “melhores condições do que há 15 dias”.
“Mas não vou antecipar a decisão, que é do Presidente da República”, afirmou o ministro, sobre a possibilidade de prorrogar o estado de emergência.
As autoridades cabo-verdianas iniciaram na última semana a massificação da realização destes testes rápidos nos principais bairros da cidade afetados pela pandemia, que na Praia concentra 83% dos 390 casos diagnosticados no país desde 19 de março (total de quatro óbitos).
Estes testes rápidos – mais de 3.500 realizados este mês – permitem avaliar, com uma pequena amostra de sangue, se a pessoa teve contacto com o vírus e se criou imunidade. Nos casos positivos são depois feitos testes de diagnóstico para covid-19 (PCR), para comprovar a infeção.
“Irão permitir termos uma ideia do nível de circulação do vírus na comunidade”, explicou Arlindo do Rosário, sublinhando a forte adesão da população a estes testes rápidos, levados a cabo em operações conjuntas da proteção civil, autoridades de saúde e Cruz Vermelha de Cabo Verde.
A visita do ministro a estas tendas, onde se realizam até cerca de 150 testes por dia, foi acompanhada pelo representante da Organização Mundial da Saúde (OMS) em Cabo Verde, que elogiou o trabalho de prevenção e combate à covid-19 no país, desde logo a recuperação total de casos diagnosticados nas ilhas da Boa Vista e de São Vicente.
“É realmente um bom resultado”, afirmou Hernando Agudelo, embora sublinhando que essas duas ilhas têm características “muito diferentes”, nomeadamente ao nível da densidade populacional, face a Santiago, que é o único foco ativo da doença em Cabo Verde.
Ainda assim, reconhece os “esforços” das autoridades de saúde nomeadamente para detetar “o mais rapidamente possível” pessoas infetadas, e isolar e testar os seus contactos.
“E realmente, dentro dos modelos que foram preparados, deveríamos ter neste momento muito mais casos e vítimas. Não se deu precisamente devido às ações que foram tomadas”, enfatizou, recordando que o país tem um acumulado, atualmente, de 390 casos da doença, quando os modelos da OMS apontavam para até 3.000 infetados no final de abril.
“E não foi o caso (…) É um trabalho bastante positivo”, destacou.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 344 mil mortos e infetou mais de 5,4 milhões de pessoas em 196 países e territórios.
Mais de 2,1 milhões de doentes foram considerados curados.
Em África, há 3.471 mortos confirmados em mais de 115 mil infetados em 54 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia naquele continente.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.