Sessenta mil agricultores e criadores de gado foram beneficiados com o programa de emergência para mitigação das secas em Cabo Verde, anunciou hoje o primeiro-ministro, num dos resultados do investimento de 10 milhões de euros.
“[No] Programa de emergência para mitigação da seca. Um milhão de contos (9 milhões de euros) investidos, sim senhor, mas com resultados. Sessenta mil agricultores e criadores de gado beneficiados”, anunciou Ulisses Correia e Silva, no debate mensal no parlamento cabo-verdiano.
O primeiro-ministro, no debate sobre as Políticas Públicas para o mundo rural e medidas para o contexto de emergência, provocada pela pandemia de covid-19, proposto pelo grupo parlamentar do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição), respondeu a Janira Hopffer Almada que, desde 2016, o país vem sendo confrontado com emergências.
Primeiro o governante indicou a transição em Chã das Caldeiras, que ainda vivia os efeitos da erupção do vulcão do Fogo, em 2014/2015, passando para chuvas torrenciais em Santo Antão em 2017, três anos de secas severas e prolongadas e agora a pandemia provocada pelo novo coronavírus.
“Mas nunca este Governo se desculpou, fomos e atacamos em frente, com programas, com investimentos e com soluções”, reforçou Ulisses Correia e Silva, para quem a “tentativa de branquear” o percurso do país de 2016 até agora “é infrutífera” perante os dados, sentimentos e avaliação dos cabo-verdianos.
O primeiro-ministro anunciou ainda que 27 mil famílias foram beneficiadas com programas de emprego público e apoio escolar, entre outros investimentos nas diversas ilhas, para mitigar os efeitos dos três anos consecutivos de secas no país.
Em dezembro de 2017, Ulisses Correia e Silva anunciou, no parlamento, que o Governo mobilizou mais de 10 milhões de euros juntos de parceiros internacionais para mitigar os efeitos da seca e do mau ano agrícola no país.
Quanto à crise provocada pela covid-19, o primeiro-ministro disse que o Governo atacou e “Cabo Verde respondeu”, assim como os pescadores, agricultores e criadores responderam à situação de emergência.
“Só não vê quem não quer e quem não deseja o bem”, atirou Correia e Silva, indicando também um aumento da disponibilização de água nos últimos três anos para 1,6 milhões de metros cúbicos, derivados de reabilitação de poços, captação em galerias e equipamentos de furos.
“Essa quantidade é superior à captação de barragens, excluindo a barragem de Poilão”, prosseguiu o chefe do Governo, dando conta ainda de 47.272 metros cúbicos de tubos de irrigação gota a gota, beneficiando 26 hectares de terreno.
O programa permitiu ainda a construção ou reabilitação de 76 reservatórios, 24 sistemas com energia renovável, 48 furos equipados com painéis solares em várias ilhas, ainda segundo o governante.
“E está em curso uma mudança de paradigma. Nós dissemos e estamos a fazer, não investimos em mais barragens. Estamos a investir em sistemas de dessalinização”, reforçou o primeiro-ministro, que anunciou que a primeira unidade de tratamento de água salobra já chegou a Cabo Verde, para ser instalada em Moia-Moia, concelho de São Domingos.
“É aquilo que ninguém pode apagar e os cabo-verdianos não apagam e não têm memória curta”, terminou o primeiro-ministro nas respostas às perguntas da líder da oposição.
Na sua intervenção no debate, a líder do PAICV, Janira Hopffer Almada, acusou o Governo de “mudar a realidade das coisas” e justificar tudo o que não fez em quatro anos de mandato com a pandemia provocada pelo novo coronavírus.
A presidente do PAICV notou que o Governo encontrou um “ambiente internacional extremamente favorável” e em quatro anos governou sem nenhuma crise grave, até março de 2020, quando se registaram no país os primeiros casos da pandemia de covid-19.