A CTA - Confederação das Associações Económicas, maior entidade patronal de Moçambique, anunciou hoje que há mais de 26 mil postos de emprego em risco na indústria extrativa devido às limitações impostas pela pandemia provocada pelo novo coronavírus.
"Cerca de 85 pequenas e médias [empresas] ligadas à indústria extrativa suspenderam completamente as suas atividades devido à suspensão temporária dos contratos e, consequentemente, 26.350 postos de trabalho podem estar em risco se a situação financeira das empresas se agravar", disse Chivambo Mamadhussen, vice-presidente do pelouro dos recursos minerais na CTA.
Segundo a CTA, mais de 500 pequenas e médias empresas da área mineira da indústria extrativa foram afetadas pela pandemia, 160 das quais registaram uma "redução significativa na faturação", o que corresponde a uma perda de receita estimada em cerca de 12,6 milhões dólares (quase 11 milhões de euros).
Entre os investimentos mais afetados, a CTA destacou a situação das pequenas e médias empresas que prestam serviços ao consórcio liderado pela francesa Total, que vai explorar gás na Área 1 da bacia do Rovuma, em Cabo Delgado, norte de Moçambique.
Após a descoberta de casos do novo coronavírus, a Total foi obrigada a reduzir os trabalhos para o mínimo, mas 415 trabalhadores essenciais (cerca de metade do total) continuaram no recinto, segundo dados do Ministério da Saúde de Moçambique.
"Com os principais mercados dos produtos desta indústria fechados e o comércio internacional estagnado, a queda da demanda no setor até maio de 2020 é significativa", referiu a CTA, acrescentando que os custos das empresas aumentaram entre 30% a 50% devido aos planos de prevenção contra a covid-19.
Além da flexibilização dos vistos de entrada, a CTA propôs como saída um diálogo junto do Governo para avaliar as "condições particulares" do país para enfrentar o problema de viabilidade económica dos projetos.
Os empresários pedem fiscalização de produtos contrabandeados provenientes dos países vizinhos para proteger os moçambicanos e o combate ao monopólio.
Moçambique tem um total de 227 casos de covid-19, uma vítima mortal e 71 recuperados.
Com o estado de emergência que vigora desde 01 de abril, o país vive com várias restrições: espaços de diversão e lazer encerrados, proibição de todo o tipo de eventos e de aglomerações, recomendando-se à população que fique em casa, se não tiver motivos de trabalho ou outros essenciais para tratar.
Durante o mesmo período, há limitação de lotação nos transportes coletivos, é obrigatório o uso de máscaras na via pública, as escolas estão encerradas e a emissão de vistos para entrar no país está suspensa.
O chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, vai proferir hoje uma declaração à nação, às 20:00 (19:00 em Lisboa), e espera-se que apresente os próximos passos depois de decretado o estado de emergência em abril e prorrogado até 30 de maio - sendo que a Constituição permite mais duas prorrogações.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 355 mil mortos e infetou mais de 5,7 milhões de pessoas em 196 países e territórios.