O secretário-geral do PCP criticou hoje implicitamente o PS e todos os que aplaudiram os profissionais de saúde no início da pandemia de covid-19 mas depois recusaram aumentos salariais na administração pública.
A acusação foi feita por Jerónimo de Sousa durante uma audição pública na sede do Centro Vitória, em Lisboa, para apresentar o plano de emergência do PCP para reforçar o Serviço Nacional de Saúde (SNS), que prevê um aumento de dotações de 2.500 milhões de euros.
Com ironia, o líder comunista recordou que, no início do surto epidémico, viu-se “montes de gente, alguma dela insuspeita a aplaudir os profissionais de saúde”, e que nada fizeram e continuaram “com o aplauso”.
Mas quando, continuou, surgiu a “ideia do aumento dos trabalhadores da função pública, que é preciso reforço do SNS em financiamento no Orçamento do Estado, 'aqui del-rei', que isso é de mais, ‘vamos lá continuar com o aplauso e a não corresponder com os objetivos justos e pertinentes” dos trabalhadores, incluindo da saúde e dão sinais “de exaustão”.
Logo na abertura da sessão pública, com cerca de 30 pessoas, com distância entre eles, Jerónimo de Sousa começou por responsabilizar o PS e a direita pelo sistemático subfinanciamento do Serviço Nacional de Saúde nas últimas décadas e apresentou um plano de emergência.
O “surto epidémico” de covid-19 desde março “veio demonstrar quão negativa foi a política de direita prosseguida por PS, PSD e CDS ao longo de dezenas de anos na área da saúde” e como fora “tardias, insuficientes e inconsequentes” as medidas anunciadas pelo Governo socialista, afirmou Jerónimo de Sousa na abertura de audição publica sobre saúde na sede do Centro Vitória, em Lisboa.
O líder dos comunistas criticou, em especial, PSD e CDS por, nos anos em que foram poder, terem permitido uma quebra no número de trabalhadores afetos ao SNS e “uma estratégia de favorecimento dos grupos económicos” que não ajudaram durante a pandemia e se “esconderam debaixo da cama”.
“Sem o SNS não haveria, nesta situação, seguradoras e prestadores privados que valessem aos portugueses. Prestadores privados que, durante o período mais agressivo da covid-19, se esconderam do vírus debaixo da cama”, disse.
O PCP já tinha proposto, em 15 de maio, um reforço de 25% em 2020 no SNS, 2.500 milhões de euros, para dar resposta à covid-19, recuperar os atrasos noutros serviços de saúde causados pela epidemia e investir.
Para "acabar com o subfinanciamento crónico a que foi sujeito por sucessivos governos", disse, os comunistas defendem que sejam "reforçadas as transferências de verbas do Orçamento do Estado para o SNS, no mínimo e no imediato, 25% do orçamento do SNS", ou seja, cerca de 2.500 milhões de euros.
Ao todo, o PCP propõe mais de 15 medidas, entre elas a passagem a vínculo efetivo dos contratados no setor devido à pandemia, a recuperação, até final do ano, dos atos médicos que ficaram suspensos ou adiados devido ao surto, ou ainda a criação de um complemento salarial ou subsídio de risco.
Aumentar o número de camas tanto para doentes agudos (800) como para cuidados continuados e paliativos (400) na rede pública, e a contratação de médicos especialistas em Medicina Geral e Familiar e enfermeiros de família em falta.