BE, PCP e PEV pediram hoje ao Governo mais apoios para os trabalhadores que viram o seu rendimento cortado ou anulado pela pandemia de covid-19, e salientaram que «nem todos estão no mesmo barco» nesta crise.
Na interpelação do PS ao Governo sobre a resposta do Estado social à pandemia de covid-19, o deputado do BE José Soeiro apontou que existem hoje "mais de 800 mil pessoas a viver com cortes de salário" no âmbito do regime de `lay-off´ simplificado.
"Está o Governo disponível para devolver este corte de um terço aos trabalhadores? Está o Governo disponível para reduzir o prazo de garantia para aceder ao subsídio de desemprego e aumentar o tempo da sua concessão, cortado pela `troika´?", questionou.
O deputado apontou ainda o caso dos trabalhadores independentes, que constituem a grande maioria do setor da cultura, e que não recebem mais de 219 euros, defendendo que se é necessário "valorizar o que já foi feito, é preciso fazer muito mais para não deixar ninguém para trás".
Também a deputada do PCP Diana Ferreira avisou que "nem todos estão no mesmo barco", salientando que os trabalhadores com vínculos precários "foram os primeiros a serem considerados descartáveis".
"O PCP propôs aqui a proibição de despedimentos, tal como defendemos o pagamento dos salários a 100%", recordou, questionando o Governo da sua disponibilidade para aprovar a proposta do PCP de um apoio social extraordinário aos trabalhadores que não se enquadram nas restantes medidas.
Na mesma linha, José Luís Ferreira, dos Verdes, considerou que se a atual crise "está a demonstrar a importância do Estado social", também irá "pôr a prova" o Governo em matéria de proteção dos trabalhadores, manifestando-se contra o prolongamento do atual modelo de `lay-off´ - uma "medida coxa" que implica um corte de um terço do rendimento dos trabalhadores.
Na resposta, a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, afirmou - tal como na quarta-feira já tinha sido dito pelo primeiro-ministro, António Costa - que o Governo está a "preparar a regulamentação do apoio à manutenção dos postos de trabalho".
"Temos estado a ouvir todos os parceiros e partidos à procura dos melhores instrumentos para esta fase de estabilização social", assegurou.