O Boavista tem quarta-feira uma prova de fogo à sua subsistência com o início do julgamento de um processo de insolvência, em Vila Nova de Gaia, requerido pelo ex-director-geral do clube, José Rebelo da Silva.
O advogado José Rebelo da Silva, que desempenhou funções no Boavista de Outubro de 2006 a Julho de 2007, altura em que, alegando justa causa, denunciou o contrato, reclama pelo pagamento de salários devidos.
A administradora do Boavista, Adelina Trindade Guedes, admitiu à Agência Lusa a existência de uma divida a José Rebelo da Silva, referente ao período de Abril a Julho de 2007, mas contesta a existência de créditos anteriores.
De acordo com Adelina Trindade Guedes, o Boavista considera que José Rebelo da Silva não tem legitimidade para pedir a insolvência da SAD, ''uma vez que é ainda um processo que está a correr no Tribunal de Trabalho''.
José Rebelo da Silva defende que o Boavista ''tem uma série de dividas e não mostra capacidade de as liquidar, pelo que é licito que os credores recorram a todos os meios legais para obter liquidez de, pelo menos, parte dos seus créditos''.
Ainda de acordo com o advogado, ''foi o próprio Boavista que já confessou que não tem capacidade para, com os próprios meios, liquidar as dividas, e que tal só é possível com o recurso a um investidor''.
De acordo com José Rebelo da Silva, e atendendo que o Boavista não tem património suficiente para fazer face às dividas, só há duas hipóteses para resolver o caso. Ou o tribunal declara insolvência ou os credores reúnem e estabelecem um plano para o pagamento faseado dos créditos.
A expectativa em torno de como o juiz irá encarar este processo, que terá obrigatoriamente de ter o seu início na quarta-feira, é enorme para ambos os lados, que admitem todos os cenários possíveis.
As partes apontam para várias hipóteses, desde o início do julgamento do pedido de insolvência, passando pela análise da legitimidade da apresentação do pedido de José Rebelo da Silva até à suspensão da audiência.
O início do julgamento esteve inicialmente previsto para 23 de Janeiro, mas a apresentação de um requerimento à ultima da hora adiou o arranque da inquirição das testemunhas para as 10:30 horas de 11 de Fevereiro, no Tribunal de Comércio de Vila Nova de Gaia.
O Boavista vai nomear um advogado para este processo, uma vez que Adelina Trindade Guedes, por ser administradora da SAD e parte interessada, não vai poder, como habitualmente, defender os ''axadrezados''.
A declaração de insolvência de uma sociedade tem como resultado a sua extinção e, de acordo com o Regulamento Disciplinar da Liga Portuguesa de Futebol profissional (LPFP), caso se verifique esse cenário, o Boavista será afastado das competições profissionais entre um a cinco anos e terá que pagar uma multa de 100 mil euros.
O regulamento estabelece ainda, no artigo 42º, que o clube que for declarado insolvente ficará no último lugar sem pontos e que todos os resultados verificados nos jogos disputados não serão considerados na classificação final.