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Ministro da Defesa garante participação portuguesa em missões de paz apesar da pandemia

O ministro da Defesa Nacional admitiu hoje que houve alterações nas missões das Forças Armadas portuguesas no estrangeiro devido à pandemia Covid-19, mas reafirmou o empenhamento de Portugal em respeitar os compromissos com os aliados e com a NATO.

Ministro da Defesa garante participação portuguesa em missões de paz apesar da pandemia
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“Houve alguns rearranjos em função da pandemia. Cada missão é uma realidade própria e, portanto, as suas circunstâncias são diferentes. Na generalidade dos casos houve uma diminuição da atividade, à medida que as diferentes forças procuraram proteger-se”, disse João Gomes Cravinho.

“Houve o regresso de seis militares nossos do Afeganistão, houve o regresso de alguns militares da República Centro-Africana e do Mali, mas o nosso compromisso mantém-se na sua plenitude”, acrescentou o governante, adiantando que Portugal também já está a preparar o regresso do contingente nacional ao Iraque, que também voltou a Portugal durante a suspensão das ações de formação devido à pandemia.

João Gomes Cravinho, que falava na cerimónia de entrega da bandeira nacional à Força Nacional Destacada (FND) para a missão de paz das Nações Unidas no Mali (MINUSMA - Multidimensional Integrated Stabilization Mission in Mali)), realizada hoje na Base Aérea do Montijo, referiu esta missão, que inclui 63 militares da Força Aérea Portuguesa e um avião de transporte C-295, como um exemplo do empenhamento de Portugal em respeitar os compromissos assumidos neste domínio.

O contingente da Força Aérea Portuguesa, com partida prevista para dia 1 de julho, vai assegurar missões de transporte de passageiros e carga, transporte tático em pistas não preparadas, evacuações médicas, largada de paraquedistas e vigilância aérea, mas também garantir a segurança do campo, norueguês, de Bifrost, em Bamako, capital do Mali, onde também irão ficar alojados os militares portugueses.

“A presença destas missões é essencial para o cumprimento dos frágeis acordos de paz que foram assinados, e para o reforço das capacidades do Estado Maliano”, disse o ministro da Defesa Nacional, que justificou a participação de tropas portuguesas nesta missão com a importância da região do Sahel para Portugal e para a Europa.

“Nós temos de olhar para a região do Sahel de uma forma integrada. As fronteiras pouco existem naquela região. E aquilo que se passa num país, facilmente se alastra para outros países. A missão de formação da União Europeia, que é uma missão de apoio à capacitação das Forças Armadas do Mali, teve o seu mandato alargado a outros países do Sahel, e o general Boga Ribeiro, o general português que comanda essa força, tem estado na primeira linha desse alargamento para outros países da região”, acrescentou João Gomes Cravinho, em declarações aos jornalistas.

João Gomes Cravinho salientou ainda que o alargamento do mandato vai ter impacto também nesta missão MINUSMA, que, “embora seja dirigida essencialmente para o Mali, tem de ter em conta o que se passa nos países vizinhos, o Burkina Faso, o Níger e, particularmente, a confluência desses três países, local onde se juntam as fronteiras desses países, onde há atividade terrorista bastante intensa”.

“Isto para nós é particularmente importante porque estamos a falar dos vizinhos dos nossos vizinhos, estamos a falar de uma região que não é muito longe de Portugal. E se não houver um controlo naquela região, se as autoridades soberanas dos países daquela região não conseguirem controlar aquilo que ali se passa, facilmente a instabilidade poderá ter repercussões, em termos de terrorismo, nos países da Europa. E isso, obviamente, que queremos evitar”, disse João Gomes Cravinho.

No discurso perante os militares que vão partir para o Mali, em que se incluem elementos do Núcleo de Operações Táticas de Projeção (NOTP) da Força Aérea Portuguesa, o ministro da Defesa defendeu que a pandemia não pode levar a uma contração de esforços num momento de particular necessidade em países e regiões próximas, perante ameaças violentas que também podem afetar Portugal e os restantes países europeus.

“Isso seria fatal para os processos em curso e Portugal está ciente disso”, concluiu João Gomes Cravinho.

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