Os futebolistas do Belenenses SAD ajoelharam-se na sexta-feira, antes da vitória frente ao Desportivo das Aves, em protesto contra o racismo e em homenagem a George Floyd, com o objetivo de «mudar consciências», explicou hoje o guarda-redes Hervé Koffi.
O guardião burquinês, de 23 anos, falou à rádio gaulesa RMC Sport sobre o gesto que se tornou popular quando, em 2016, o futebolista da NFL (futebol americano) Colin Kaepernick decidiu ajoelhar-se antes de cada jogo, em protesto contra a desigualdade e brutalidade racial existente.
“Queríamos prestar homenagem a George Floyd e a todas as vítimas de racismo. A ideia surgiu dos dirigentes e nós, jogadores, achámos que era uma grande iniciativa”, contou Koffi, que espera, “através deste gesto, fazer avançar mentalidades” e “mudar certas consciências”.
Na entrada das formações em campo, num jogo que se disputou sem público nas bancadas, devido à pandemia da covid-19, os ‘azuis’ apresentaram-se com um joelho no chão, à semelhança de outras equipas, a nível internacional, que também se associaram ao protesto contra o racismo, como o Borussia Dortmund, o Liverpool, o Chelsea ou o PSV.
Koffi, emprestado aos lisboetas pelos franceses do Lille e que revelou sentir-se “bem em Portugal” e “focado no final da temporada no Belenenses SAD”, foi um dos 11 titulares na vitória por 2-0 no reduto do lanterna-vermelha Desportivo das Aves, que permitiu aos ‘azuis’ ascender ao 13.º posto da I Liga portuguesa de futebol, com 29 pontos.
George Floyd, um afro-americano de 46 anos, morreu em 25 de maio, em Minneapolis (Minnesota), depois de um polícia branco lhe ter pressionado o pescoço com um joelho durante cerca de oito minutos numa operação de detenção, apesar de Floyd dizer que não conseguia respirar.
Desde a divulgação das imagens nas redes sociais, têm-se sucedido os protestos contra a violência policial e o racismo em dezenas de cidades norte-americanas, algumas das quais foram palco de atos de pilhagem.
Pelo menos 10 mil pessoas foram detidas desde o início dos protestos, e as autoridades impuseram recolher obrigatório em várias cidades, incluindo Washington e Nova Iorque, enquanto o Presidente norte-americano, Donald Trump, já ameaçou mobilizar os militares para pôr fim aos distúrbios nas ruas.
Os quatro polícias envolvidos foram despedidos, e o agente Derek Chauvin, que colocou o joelho no pescoço de Floyd, foi acusado de homicídio em segundo grau, arriscando uma pena máxima de 40 anos de prisão.
Os restantes vão responder por auxílio e cumplicidade de homicídio em segundo grau e por homicídio involuntário.
A morte de Floyd ocorreu durante a sua detenção por suspeita de ter usado uma nota falsa de 20 dólares (18 euros) numa loja.