O presidente do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde do Brasil, Alberto Beltrame, criticou hoje mudanças na divulgação dos dados da pandemia de covid-19 anunciada e executada pelo Governo brasileiro numa entrevista à Rádio Gaúcha.
"Essas informações são propriedade do povo brasileiro, não dos estados e nem do Ministério [da Saúde], que tem o direito inalienável de ter conhecimento dessa informação”, afirmou Beltrame.
O Conselho Nacional dos Secretários de Saúde é uma entidade que congrega Secretárias de Saúde dos 26 estados brasileiros e do Distrito Federal.
No final de semana, a entidade passou a divulgar dados da pandemia num painel independente com informações enviadas pelas Secretarias de Saúde dos estados brasileiros, que apresenta números totais e das últimas 24 horas sobre registos de morte e de casos do novo coronavírus.
O Ministério da Saúde brasileiro deveria ser a fonte natural destas informações, mas o órgão decidiu restringir alguns dados e passou a divulgar apenas os números de casos e de mortes registados nas últimas 24 horas.
Na madrugada de hoje, o Governo brasileiro divulgou dados diferentes sobre a pandemia referentes às 24 horas anteriores, encerradas no domingo.
Num comunicado também distribuído no domingo, o Ministério da Saúde admitiu que está a desenvolver um novo sistema de dados da pandemia, que precisa de melhorias e que o "objetivo é que, nos próximos dias, estejam disponíveis em uma página interativa que possa trazer os resultados desejados".
Além da suspensão da divulgação de parte dos dados consolidados como o total de mortes e o total de casos da pandemia, o Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, confirmou que o Governo informará os números da pandemia após as 22:00, horário local, muito depois dos horários em que os números eram divulgados.
Na tarde de hoje, o Governo brasileiro esclareceu que registou um total de 691.758 casos e 36.455 óbitos por covid-19 desde o primeiro oficial da doença no país, no final de fevereiro.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 403 mil mortos e infetou mais de sete milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo o balanço feito pela agência francesa AFP.