A OCDE estima que a economia da zona euro registe este ano uma contração recorde que pode chegar a 11,5% do Produto Interno Bruto (PIB), devido à pandemia de covid-19 e às medidas para a conter.
A incerteza em torno da evolução da pandemia levou a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) a incluir dois cenários no seu relatório de previsões económicas mundiais (‘Economic Outlook’), hoje divulgado.
O primeiro cenário é com a pandemia controlada, já o segundo é caso se registe uma segunda vaga de contágios.
Em ambas as situações, as projeções apontam para uma recessão recorde na zona euro, para uma acentuada subida da taxa de desemprego na casa dos dois dígitos e para uma subida do rácio da dívida pública acima dos 100% do PIB.
Assumindo que não haverá nova vaga de contágios e necessidade de novo confinamento, a economia da zona euro conhecerá este ano uma recessão de 9,5%, arrastada pela quebra de 9,9% do consumo privado, de 11,6% do investimento e 8,0%% da procura interna.
É esperado que estes indicadores entrem em terreno positivo em 2021 e que o conjunto das economias que integram a moeda única avance 6,5%.
Segundo a OCDE a taxa de desemprego aumentará para 9,8% este ano, registando um ligeiro decréscimo, para 9,5%, em 2021.
Todos estes indicadores serão ainda mais negativos, caso volte a registar-se uma segunda vaga de contágios por covid-19 e seja necessário avançar com novas medidas de confinamento.
Neste cenário, as projeções da OCDE apontam para uma contração do PIB de 11,5% este ano, seguida de um crescimento de 3,5% em 2021.
Relativamente ao desemprego, a Organização liderada por Angel Gurría, projeta uma subida da taxa para 10,3% este ano e novo agravamento em 2021, atingindo 11,0%.
A OCDE acentua que até 2021 os níveis de produção e de emprego se vão manter abaixo dos registados na era 'pré-pandemia', situação que será especialmente agravada em caso de novo foco de contágios e que contribuirá para evidenciar as divergências entre os vários países da zona euro.
Para a Organização, os países devem manter os apoios financeiros e orçamentais até pelo menos 2021, sendo que uma retirada prematura destas medidas terá efeitos negativos nos processos de recuperação.
A OCDE considera positivos e bem-vindos os pacotes de medidas aprovado no âmbito do Eurogrupo e o Fundo de Recuperação de 750 mil milhões de euros proposto pela Comissão Europeia, mas assinala que a ausência de uma resposta efetiva a nível europeu, tem feito com que a crise esteja a ser suportada “quase exclusivamente” pelos orçamentos nacionais.
“Uma resposta orçamental conjunta é essencial para apoiar a recuperação”, refere o documento, notando que os países mais atingidos pela crise pandémica são os mesmos que têm menos margem orçamental para lhe fazer frente.
“Subvenções financiadas por emissão de dívida comum aliviariam a pressão sobre os orçamentos nacionais” e contribuiriam para uma “recuperação mais dinâmica”, aponta ainda a OCDE, considerando que seria positiva uma rápida aprovação do programa delineado pela CE.
As projeções da OCDE são mais pessimistas que as do Banco Mundial, que prevê uma queda de 9,1% da economia da zona euro em 2020 e do que as do Fundo Monetário Internacional (FMI), que aponta para uma quebra de 7,5% em 2020.
Junto das instituições europeias, a Comissão Europeia antecipa uma recessão 7,7% do PIB para a zona euro, e o Banco Central Europeu (BCE) prevê uma queda de 8,7%.