A Semana da Moda de Londres arranca hoje sem desfiles, pela primeira vez, devido à pandemia da covid-19, o que levou os organizadores a realizar o evento numa versão virtual, no qual participa a dupla de estilistas portuguesa Marques’Almeida.
Além de um formato 100% digital, a semana de moda não se se vai centrar apenas em coleções masculina ou feminina ou em roupas para primavera/verão ou outono/inverno, mas englobar tudo, algo que a organização British Fashion Council (BFC) pretende manter no futuro.
"Esta plataforma global não vai ter épocas e vai ser neutra em termos de género, mostrando coleções masculinas e femininas e uma mistura de lançamentos de coleções novas que vão estar nas lojas no futuro, bem como de coleções que podem ser compradas agora”, anunciou a presidente do BFC, Caroline Rush, na apresentação do evento.
Tal como em edições anteriores, existe um calendário com eventos de cada estilista, entre hoje e domingo, mas em vez de desfiles ou ’showrooms’ com audiência, as coleções vão ser apresentados em vídeos, galerias virtuais e até imagens em três dimensões.
A plataforma vai ter perfis de mais de 100 estilistas com informação para os profissionais do setor e também para os consumidores, e disponibilizar conteúdos como entrevistas, ‘podcasts’, debates, apresentação de produtos e passeios por Londres.
O evento dos Marques’Almeida em vídeo é intitulado “reM’Ade” e será transmitido ao vivo hoje, às 18:00.
A dupla Marques’Almeida foi criada em 2011 e é formada por Marta Marques e Paulo Almeida, estilistas portugueses que estudaram e se instalaram na capital britânica, onde têm apresentado regularmente as suas coleções.
Em 2019, a indústria da moda, que emprega cerca de 900 mil pessoas, contribuiu diretamente com 35 mil milhões de libras (39 mil milhões de euros) para o Produto Interno Bruto (PIB) do Reino Unido, um aumento de 9,4% relativamente a 2018.
Segundo o BFC, a pandemia covid-19 já afetou muito a moda britânica, tendo 73% das empresas do setor registado cancelamentos de pedidos.
Antes do impacto da pandemia, o setor já estava preocupado com as possíveis repercussões negativas do Brexit e estava determinado em tornar aindústria mais sustentável em termos ambientais, apostando, por exemplo, na reutilização e na reciclagem.
Segundo Caroline Rush, a Semana da Moda de Londres é também uma "oportunidade para se mostrar mais aberta, mais diversa, para também fazer a sua voz ser ser ouvida em assuntos como o racismo", numa referência à onda de indignação desencadeada pela morte do afro-americano George Floyd por um polícia nos EUA.