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Covid-19: Iniciativa «Estendal no Jardim» em Évora «cai do céu» para apoios

Com mais dificuldades financeiras devido à covid-19, Maria Cavaco passeou hoje pelo estendal solidário montado em Évora, que lhe «caiu do céu», e aproveitou para «aliviar» o sufoco dos dias e levar roupa e brinquedos para a filha.

Covid-19: Iniciativa «Estendal no Jardim» em Évora «cai do céu» para apoios
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“Acho que isto caiu do céu. Foi muito bom mesmo, foi excelente”, destacou à agência Lusa, com um saco verde ao ombro recheado com roupa e com brinquedos e jogos educativos debaixo do braço, depois de passar pelas cordas do estendal, escolhendo o que lhe interessava.

Para Maria Cavaco, que, logo de manhã, foi uma das primeiras “clientes” a acorrer à iniciativa “Estendal no Jardim” promovida pela Santa Casa da Misericórdia de Évora, o evento é importante para fazer face ao sufoco dos dias.

“Parecendo que não, alivia bastante. Uma pessoa, às vezes, chega e parece que não quer chegar ao abismo, mas começa a ser tanta coisa que o cérebro começa a ficar pesado [e já] não sabe para que lado se há de voltar”, desabafou.

Antes da pandemia da covid-19, contou, a vida já não era fácil, mas tinha um trabalho “com mais estabilidade, a tempo inteiro”. Agora, tem de contentar-se com um part-time a fazer limpezas.

A filha tem “pele atópica e precisa de medicamentos” e o marido não consegue fazer “face às despesas”, sendo que “a covid-19 veio também piorar” a situação. O dinheiro “foi bastante reduzido”, a bebé “precisa de roupinhas” e somam-se as dificuldades, daí ter recorrido à oferta do estendal solidário.

Com a bebé ao colo, também Adriana Saloio passou hoje pela iniciativa solidária, que viu ser instalada, e esperou para dar uma “espreitadela”.

“Levo roupa e brinquedos e uns sapatinhos para ela”, relatou à Lusa, depois de escolher as peças, explicando que, tal como o marido, está desempregada e com “mais dificuldades agora, com a menina e tudo”.

Apesar de costumar ir à loja social da Misericórdia, prefere o estendal: “Sinto-me mais à vontade aqui, ao ar livre”.

Neste espaço, “as pessoas vêm e tiram o que querem”, opinou, argumentando que “há muita pessoa também a precisar”.

Montado ao ar livre no Jardim do Paraíso, mesmo ao lado da loja social da Misericórdia de Évora, o estendal, com cordas presas nas árvores, arrancou hoje e prolonga-se até quinta-feira, disponibilizando gratuitamente a quem mais precisa roupa e sapatos, de adulto e de criança, malas, cintos, brinquedos, DVD e jogos, entre outras utilidades.

Tendo como mote os santos populares, o recinto está enfeitado com manjericos, com quadras como “Ao estendal da Santa Casa, os santos populares já chegaram, levem o que faz falta, se as nossas peças vos agradaram”.

“Temos gel desinfetante, e temos luvas também, para poder vir ao estendal, aqui estamos todos bem”, lê-se num outro manjerico, numa alusão às medidas de prevenção contra a covid-19 instaladas no espaço, como um dispensador móvel de gel para higienizar as mãos e a distribuição de máscaras aos ‘clientes’, obrigatórias no circuito, que tem também entrada e saída diferentes.

Nesta fase, da pandemia da covid-19, a Misericórdia ainda considerou se esta seria a altura ideal para realizar a 2.ª edição do “Estendal no Jardim” – a 1.º teve lugar em janeiro, com artigos de inverno -, mas, “pesados os prós e os contras”, foi entendido que “era necessário e fundamental vir para a rua”, cumprindo as regras da Direção-Geral da Saúde (DGS), realçou à Lusa a secretária-geral da instituição, Ana Talhinhas.

“Era importante dizermos à comunidade que continuamos aqui, como sempre, ao serviço daqueles que mais necessitam”, disse.

O estendal é “frequentado por muita gente” que não se desloca ao outro espaço, “mais formal”, porque na iniciativa solidária “há uma utilização mais livre”, desta vez “reorientada para a situação” de pandemia que se vive.

“As pessoas não precisam de se identificar e recolhem aquilo que precisam. Foi esse sinal que quisemos dar mais uma vez, de que não precisam de dizer que precisam, basta chegar e levar aquilo que lhes faz falta”, explicou.

Perante as dificuldades atuais, que já se notam por um aumento dos pedidos de ajuda na loja social, justificava-se repetir a iniciativa: “Não tivemos um aumento muito substancial da procura”, mas “é obvio que cresceu, eventualmente, à volta de uns 20%”, salientou.

A acompanhar Maria Cavaco, veio Liliana Lopes, mãe de três filhos, um com 05, uma com 03 e outra com 01 ano, e que, neste momento, só tem a mais pequena consigo, para a qual levou roupa, sandálias e brinquedos: “Quando ela vir vai logo ficar toda contente”.

Para quem considera que o estendal é “uma iniciativa caída do céu”, Ana Talhinhas espera que aproveitem, mas que se lembrem que, no fim, a loja social continua aberta. Mesmo ali ao lado.

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