A província chinesa de Guandgong, responsável pela esmagadora maioria dos apostadores nos casinos de Macau, anunciou hoje o fim da quarentena para viajantes que regressem do território, a partir de quarta-feira.
"Após comunicação e discussão entre os governos de Guangdong e de Macau, foi decidido que não se aplicará, (…) a medida de 14 dias de isolamento (...) às pessoas que entrarem na província de Guangdong pelos postos fronteiriços de Guangdong-Macau", divulgou o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus, em comunicado.
As pessoas de Macau que entrarem na província de Guangdong só podem circular em nove cidades (Cantão, Shenzhen, Zhuhai, Foshan, Huizhou, Dongguan, Zhongshan, Jiangmen e Zhaoqing), devendo apresentar um teste de ácido nucleico negativo realizado nos sete dias anteriores.
Macau já tinha anunciado em 06 de julho a isenção de quarentena para residentes no território que se desloquem às mesmas nove cidades na província de Guangdong, no interior da China.
Segundo analistas ouvidos pela Lusa, a medida é considerada essencial para a recuperação económica dos casinos, que registam quebras de 97% mensais.
"A província de Guangdong é a 'tigela de arroz' de Macau, gerando o grosso das receitas do jogo. A China representa mais de 90% das receitas. Desse montante, Guangdong é responsável por 80%", disse à Lusa Ben Lee, analista da consultora de jogo IGamix, dias antes do anúncio do Governo da província chinesa.
Por essa razão, o analista considerou que o acordo, agora divulgado, deverá levar "a uma rápida recuperação nas receitas" dos casinos do território.
As autoridades dos dois territórios estavam a negociar "há algum tempo" o levantamento da quarentena para viajantes de Guandgong, tendo o chefe do executivo de Macau afirmado que o problema devia estar resolvido ainda em julho.
As fronteiras de Macau já estavam abertas a visitantes da China continental, mas a exigência de 14 dias de quarentena no território ou no regresso estava a colocar um entrave ao fluxo de apostadores para os casinos, explicou também Ben Lee.
Na segunda-feira, as autoridades de Macau já tinham anunciado o levantamento imediato da obrigatoriedade de quarentena para pessoas provenientes de Pequim e da província chinesa de Hubei, cuja capital, Wuhan, registou os primeiros casos da covid-19, em dezembro.
Logo após anúncio do fim da quarentena para viajantes de Guandgong, "as vagas disponíveis" para a realização do teste de ácido nucleico, necessário para entrar na província chinesa, "foram imediatamente preenchidas", informou o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus, em Macau. "Por esta razão, os serviços de marcação do teste de ácido nucleico foram suspensos", indicou, em comunicado.
Atualmente, a capacidade máxima diária de realização de número de testes de ácido nucleico em Macau é de 16 mil pessoas, mas os Serviços de Saúde decidiram manter disponíveis temporariamente "apenas cinco mil vagas diárias", até os procedimentos estarem normalizados.
As autoridades reforçaram ainda as medidas de prevenção da epidemia nos casinos, "tendo em vista a saúde dos seus trabalhadores e visitantes".
A partir desta quarta-feira, a Direção de Inspeção e Coordenação de Jogos (DICJ) passará a exigir a todos os visitantes que pretendam entrar nos casinos "a medição de temperatura corporal e a exibição de código de identificação de saúde e certificado de teste de ácido nucleico válidos", devendo o teste ter sido realizado nos sete dias anteriores, de acordo com um comunicado divulgado na segunda-feira pelo Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus.
Além disso, as autoridades vão realizar "inspeções rigorosas em todos os casinos" e continuar a exigir a manutenção da "boa qualidade do ar" naquelas instalações.
As pessoas "que pretendam entrar nos 'resorts', hotéis ou pensões em Macau estarão também sujeitas à medição de temperatura corporal e à exibição de código de identificação de saúde", acrescentou-se na mesma nota.
Macau foi dos primeiros territórios a identificar casos de infeção com a covid-19, antes do final de janeiro. O território registou então uma primeira vaga de dez casos. Seguiu-se outra de 35 casos a partir de março, todos importados, uma situação associada ao regresso de residentes, muitos estudantes no ensino superior em países estrangeiros.
O caso mais recente, o 46.º no território desde que o surto começou, registou-se em 25 de junho. Macau não registou nenhuma morte relacionada com a doença.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 569 mil mortos e infetou cerca de 13 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.