O futebolista Jonathan Buatu rescindiu hoje de forma unilateral com o Desportivo das Aves, alegando salários em atraso na antecipação do fim do empréstimo por parte do Rio Ave ao último classificado da I Liga.
“Hoje tomei a decisão de rescindir o meu contrato de empréstimo com o Desportivo das Aves por falta de cumprimento pontual e integral da retribuição devida por mais de 30 dias. Não estava mais nas melhores condições necessárias para exercer a minha profissão”, de acordo com a nota publicada pelo defesa internacional angolano nas redes sociais.
Jonathan Buatu, de 26 anos, chegou no mercado de inverno à Vila das Aves, onde jogou 11 encontros, e é o sétimo atleta a justificar a desvinculação do emblema do concelho de Santo Tirso com sucessivos incumprimentos salariais, tal como fizeram o guarda-redes francês Quentin Beunardeau e o avançado brasileiro Welinton Júnior em abril.
“Foram sete meses difíceis, com uma descida desportiva no final, mas sem arrependimentos, porque dei o máximo pelo clube, a equipa e os adeptos desde o primeiro dia e até ao final, apesar da situação complicada. Desejo o melhor para o clube no futuro e espero vê-lo novamente em breve na I Liga”, completou o central.
Nascido na Bélgica, Jonathan Buatu formou-se no Standard de Liège e passou por Genk, Brussels, Waasland-Beveren e os ingleses do Fulham, antes de ser contratado pelo Rio Ave em junho de 2018, no qual cumpriu 28 jogos e seguiu por empréstimo para o Mouscron na primeira metade desta temporada, somando apenas dois minutos.
Em 09 de junho, Estrela Costa, acionista da Galaxy Believers, empresa que gere o futebol profissional do Desportivo das Aves, frisou à agência Lusa que as saídas dos médios Aaron Tshibola e Pedro Delgado e do avançado Kevin Yamga tinham sido consumadas no início da semana anterior e “nada se deveram” ao incumprimento de ordenados.
A tese é contrariada por todos os jogadores desvinculados, incluindo o centrocampista Estrela, que abandonou os nortenhos em 10 de junho, e a administradora prometeu liquidar até segunda-feira os vencimentos de abril e maio, incluindo os 35% que a SAD e o plantel acordaram cativar devido à paragem motivada pela pandemia de covid-19.
A SAD liderada pelo chinês Wei Zhao foi absolvida em 30 de junho da acusação de incumprimento salarial com jogadores e treinadores entre dezembro e março, mas aguarda pela resolução de outro processo idêntico, assente na ausência de documentos comprovativos quanto à regularização dos vencimentos dos meses de março e abril.
O assunto foi remetido da Liga Portuguesa de Futebol Profissional para o Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol em 09 de junho, podendo custar uma penalização de dois a cinco pontos, face aos 17 somados em 32 jornadas pelo Desportivo das Aves, que confirmou a despromoção à II Liga em 29 de junho.