O minuto 12 da final da Taça de Portugal de futebol, entre Benfica e FC Porto, vai ser utilizado para protestar contra a implementação do cartão do adepto, revelou hoje à Lusa a Associação Portuguesa de Defesa do Adepto (APDA).
O protesto irá decorrer no sábado, em Coimbra, onde se realiza o encontro decisivo da prova ‘rainha’ do futebol português, assim como em vários outros locais do país, e será divulgado nas redes sociais de “todos os que se juntaram em prol deste manifesto nacional, respeitando sempre todas as regras” de distanciamento social, tendo em vista prevenção da covid-19, garantiu a presidente da APDA, Martha Gens.
Em 26 de junho foi publicada, em Diário da República, uma portaria que regula o novo cartão do adepto, documento que visa “o registo e a identificação dos seus titulares” tendo em vista a “promoção da segurança e do combate ao racismo, à xenofobia e à intolerância nos espetáculos desportivos” e cuja utilidade a APDA refutou hoje em comunicado.
“Trata-se de um conceito importado de meia dúzia de países europeus, porém, totalmente ultrapassado. Mas por cá, como já é hábito, gostamos de andar na cauda da Europa, seguindo e copiando medidas que entretanto já foram abolidas nos poucos países que caíram no erro de as adotar”, critica a APDA.
A associação refere, ainda, que a medida é “altamente contraproducente” e que não produz “o efeito pretendido”, uma vez que “não são pedaços de papel que mudam as pessoas e a sua natureza”, além de que resultará na “perda de adeptos num campeonato já com poucos”, como a I Liga portuguesa de futebol.
“Implementa a ideia da separação entre adeptos ‘bons’ e ‘maus’, um ato que potencia gravemente a discriminação e facilmente se torna numa ferramenta de repressão direta e indireta em massa para um grupo de pessoas que têm sido gratuitamente estereotipadas ao longo de vários anos”, critica o comunicado dos adeptos.
O documento lamenta, ainda, que o país, “no segmento social desportivo, seja norteado por gente que não sabe ou não quer saber realmente o que está a fazer ao desporto” e afirma que a implementação do cartão do adepto “torna-se paradoxal numa sociedade que, de peito cheio, exalta valores como a própria liberdade” de todos os cidadãos.
“Por todos aqueles que realmente vivem o desporto em Portugal, por oposição à festa dos que vivem do desporto e que pouco preocupados estão com o que devia ser visto como o maior ativo do futebol, os adeptos, nós dizemos não ao cartão. Divididos nas cores, unidos nos valores”, conclui o comunicado da APDA.