O presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, considerou hoje ''infeliz'' a absolvição de Pinto da Costa no ''caso do envelope'', referindo que a justiça portuguesa ''declarou que alguns podem continuar a agir fora da lei'' com ''total impunidade''.
Na sexta-feira, ''infelizmente, ficámos a saber que os presidentes dos clubes de futebol podem receber árbitros em casa na véspera dos jogos, porque, para a justiça portuguesa, trata-se de um acto normal que não merece condenação, nem recriminação pública'', disse Luís Filipe Vieira.
O presidente dos ''encarnados'' falava no início de um almoço com adeptos em Almodôvar, após ter inaugurado a Casa do Benfica daquela vila alentejana do distrito de Beja.
O presidente do FC Porto, Pinto da Costa, tal como o empresário António Araújo e o árbitro Augusto Duarte, foi sexta-feira absolvido no ''caso do envelope'', que foi extraído do processo de corrupção no futebol ''Apito Dourado'', em que estava em causa um alegado suborno de 2.500 euros ao árbitro.
O caso reporta-se ao jogo entre o Beira-Mar e o FC Porto, da época 2003/04, pelo qual o clube ''azul e branco'' e Pinto da Costa foram punidos pela Comissão Disciplinar da Liga Portuguesa de Futebol.
''Abriu-se uma porta que transmite a falsa ideia de certos actos e certas pessoas poderem beneficiar de total impunidade'', disse o presidente do Benfica, referindo que ''o nosso regime moral sofreu um contratempo''.
''Ao contrário de outros, eu não nego a lei, nem quem as faz, mas alguém não anda a cumprir o seu dever, seja porque não sabe, não pode ou não quer'', disse Luís Filipe Vieira.
Segundo o presidente do Benfica, o tribunal ''decidiu uma impossibilidade'' e ''ficou mesmo a ideia de que a honradez não é necessária e de que os valores éticos e a verdade são dispensáveis''.
''Alguns até podem festejar tal sentença, mas não podem esperar ser reconhecidos como gente séria e honesta, porque isso, todos o sabemos, mesmo aqueles que redigiram a sentença, eles não são'', afirmou Luís Filipe Vieira, congratulando-se com a ''justiça desportiva''.
''Felizmente que a justiça desportiva, aplicada igualmente por homens de leis, por juízes, não só foi mais célere, como percebeu aquilo que a justiça comum preferiu ignorar''.
De acordo com Luís Filipe Vieira, ''é preciso cuidar dos males que corroem a base do nosso futebol'' e ''imprescindível recuperar a credibilidade das instituições que o representam''.