O FC Porto, de qualidade superior, ficou hoje muito mais perto de atingir as meias-finais da Liga dos Campeões em futebol, ao empatar 2-2 em Old Trafford frente ao Manchester United, campeão da Europa e do Mundo.
Na primeira “mão” dos quartos-de-final, o tricampeão português demonstrou ambição e, sobretudo, grande personalidade, e garantiu importante vantagem para o jogo decisivo, a 15 de Abril, no Estádio do Dragão.
A formação de Jesualdo Ferreira, que tinha saído goleada das duas últimas deslocações a Inglaterra (4-1 em Liverpool e 4-0 frente ao Arsenal), aproveitou a montra da Europa para realizar um jogo de enorme categoria e até poderia ter saído de Old Trafford com um resultado mais favorável, não fosse alguma infelicidade.
Cristian Rodriguez abriu o marcador, logo aos quatro minutos, numa altura em que o FC Porto dominava por completo, e apenas um erro de “outro mundo” de Bruno Alves permitiu a igualdade a Rooney, aos 15.
Muito melhor na primeira parte, o FC Porto perdeu algum fulgor no segundo tempo e Tevez, aos 85 minutos, ia tornando injusto o resultado, não fosse Mariano Gonzalez, selar o empate, aos 89.
Com Fernando a realizar uma exibição extraordinária, os “azuis-e-brancos” encaram agora a segunda “mão” com a certeza da qualidade patenteada e por pouco não impuseram ao Manchester United nova derrota em casa, ao fim de 20 jogos.
A formação de Manchester, que não perde na Liga dos Campeões há 22 jogos, esteve pouco consentânea com os pergaminhos do clube e volta a permitir empate ao FC Porto, depois de o ter feito a 09 de Março de 2004, ano que consagrou a formação portista como campeã da Europa (nas duas outras deslocações, os “dragões” tinham perdido 4-0 e 5-2).
Como esperado, Jesualdo Ferreira manteve a mesma estratégia em 4x3x3 e o “onze” habitual, com Helton, na baliza, uma defesa com Sapunaru, Rolando, Bruno Alves, Cissokho, deixando Fernando, Raul Meireles e Lucho Gonzalez, no meio-campo, logo atrás de Lisandro Lopez, Cristian Rodriguez e Hulk.
Alex Ferguson, por outro lado, foi obrigado a várias alterações, já que Berbatov e Rio Ferdinand estavam indisponíveis: assim, o treinador escocês apostou em John O’Shea, Jonny Evans, Nemanja Vidic e Patrice Evra, na defesa e à frente do guarda-redes Edwin van der Sar.
O meio-campo apareceu reforçado com Michael Carrick, Darren Fletcher e Paul Scholes, ficando Ji-Sung Park e Cristiano Ronaldo no apoio ao avançado Wayne Rooney.
Os “azuis-e-brancos” surgiram no jogo sem qualquer receio e forte apetência atacante e, aos três minutos, Lisandro Lopez deu o primeiro sinal da ambição portista: recuperou uma bola na zona intermédia do meio-campo e estoirou para defesa apertada de Van der Sar, para canto.
O FC Porto aproveitou este lance para crescer ainda mais e, aos quatro minutos e depois de Cristiano Ronaldo, primeiro, e Evans, depois, terem facilitado, Cristian Rodriguez teve calma suficiente para driblar na área e procurar espaço para desviar a bola do gigante guarda-redes holandês.
Em vantagem no marcador desde cedo, o FC Porto voltou a ameaçar, por Lisandro (sete minutos), mas foi Cristiano Ronaldo a estar perto da igualdade, aos 14, num cabeceamento forte e superiormente defendido por Helton.
No minuto seguinte, Bruno Alves falhou de forma incrível e com um atraso infeliz sem qualquer razão aparente, até porque estava sozinho, serviu Rooney, que não teve qualquer dificuldade em marcar, após perceber Helton em queda.
Apesar de ter oferecido a igualdade, o FC Porto não quebrou, conseguindo, antes pelo contrário, ainda maior poderio e mais ocasiões de golo: aos 18, 28 e 30 minutos, dois cabeceamentos de Rodriguez e um remate de Hulk estiveram perto de voltar a calar o “Teatro dos Sonhos”, apático perante a “ausência” do Manchester.
Na segunda parte, o Manchester apareceu com outras intenções e Rooney, aos 59 minutos, e Vidic, aos 60, este com um cabeceamento forte, obrigaram Helton a duas boas intervenções.
Já com Giggs no lugar de Ji-Sung Park, o FC Porto voltou a demonstrar as razões pela presença nos quartos-de-final e obrigou Van der Sar a boas estiradas, na sequência de um remate de Lisandro e um “estoiro” de Cissokho, a quase 40 metros da baliza.
De uma só vez, Alex Ferguson retirou Paul Scholes e Evans e chamou Tevez e Gary Neville, ganhando mais poder atacante, mas também menos experiência no meio-campo e, aos 74 minutos, Tevez parece ter tocado Hulk dentro da área, mas tanto árbitro como árbitro auxiliar, bem posicionados, nada decidiram assinalar.
Pouco depois, e depois de um lançamento lateral de Gary Neville, Rooney tocou de calcanhar para Tevez, sem que Bruno Alves conseguisse afastar e o avançado argentino, que tinha entrado há pouco tempo, antecipou-se a Rolando e apontou o segundo dos locais.
Quatro minutos depois, aos 89, Mariano Gonzalez, que também tinha saído do banco, fez a igualdade, mais do que merecida, perante aquilo que o FC Porto produziu.