O treinador de futebol Paulo Sousa, antigo internacional português, nega ter divulgado informação altamente confidencial e sensível, como alega a Direcção do clube inglês Queens Park Rangers para o despedir.
''Estavam a tentar há já algum tempo a rescisão unilateral do contrato com o Paulo Sousa e com métodos pouco éticos'', disse José Marinho à Agência Lusa.
José Marinho, que vai tratar da assessoria de imprensa do técnico português, disse que a pressão em redor de Paulo Sousa durava já há algum tempo, começou quando foi dispensado o adjunto Bruno Oliveira e culminou recentemente com o empréstimo do avançado Dexter Blackstock ao Nottingham Forest.
''A Direcção do clube inglês baseia-se na quebra de confidencialidade para tentar rescindir o contrato, mas é um argumento ridículo, porque o que se passou é que o jogador foi emprestado por decisão e responsabilidade exclusiva da Direcção, que não consultou o Paulo e o deixou numa situação desconfortável'', disse José Marinho.
Na altura do empréstimo de Blackstock ao Nottingham Forest, Paulo Sousa acabou por ficar reduzido a apenas um ponta-de-lança, uma vez que, além de ficar sem o seu melhor marcador, o plantel foi afectado por uma onda de lesões.
Na base da acusação, e segundo José Marinho, está uma conferência de imprensa de antevisão de um jogo, em que Paulo Sousa foi questionado sobre de quem partiu a decisão de emprestar o jogador.
''A decisão é da direcção e tenho que a respeitar'', disse José Marinho, citando as palavras de Paulo Sousa aos jornalistas britânicos, algo que, de acordo com este assessor, acabou por ''irritar'' a Direcção do clube, que esperava que o técnico assumisse ''a paternidade da decisão''.
Com as posições extremadas, José Marinho revelou que Paulo Sousa vai procurar resolver a situação na justiça, tendo para o efeito já contratado um advogado inglês, pelo que deverá permanecer em Inglaterra até terminar a época, por razões pessoais, familiares e de acompanhamento do processo.
O treinador português assinou em Novembro passado um contrato que contemplava esta época e mais uma, tendo ficado ainda com mais três de opção.
''Pelo menos um ano e meio vão ter de pagar. Não têm mais nada para alegar e a acusação é ridícula e desmonta-se facilmente'', disse o assessor de Paulo Sousa.
José Marinho acrescentou que, de momento, e até Paulo Sousa poder perceber o que pode dizer, o técnico português não prestará declarações sobre o caso.
Esta decisão recente da Direcção do Queens Park Rangers não colhe também simpatia entre os adeptos do clube, tendo uma recente reportagem da televisão Sky Sports dado conta de algum descontentamento dos adeptos, que prometem manifestar-se no próximo jogo em casa, quando o Queens receber segunda-feira o Sheffield Wednesday.
Também as conversas nos blogues dão conta do descontentamento em relação à decisão, tanto por parte dos adeptos do clube, como de alguns de outros clubes.
''Que piada. Sousa foi a melhor coisa que nos aconteceu nos últimos anos. Ele parecia preocupar-se realmente e os jogadores diziam que adoravam jogar para ele'', diz Neil Barnes, adepto do clube, em comentário na Sky Sports.
Entre os vários comentários abonatórios à continuidade do técnico luso à frente dos destinos do Queens, realce para o de um adepto do Nottingham Forest, Ben Blockley, que manifestou a sua estranheza por um clube emprestar o seu melhor marcador: ''e isso explica quase tudo'', escreve.
A Direcção do Queens Park Rangers anunciou quinta-feira o despedimento de Paulo Sousa como técnico do clube, acusando o português de ''divulgar informação altamente confidencial e sensível''.
Num comunicado emitido na página de Internet, o clube londrino diz que ''teve de terminar hoje (quinta-feira) o emprego de Paulo de Sousa com o clube com efeito imediato''.
''Chegou à atenção do clube que o Sr. Sousa tinha, sem autoridade, divulgado informação altamente confidencial e sensível'', justifica.
Gareth Wainsworth substituirá temporariamente Paulo Sousa até ao final da época.
Paulo Sousa estreou-se com uma vitória a 24 de Novembro, mas nunca conseguiu passar do meio da tabela e continua fora dos lugares de promoção ao primeiro escalão.
Em 26 jogos, conseguiu apenas sete vitórias, faltando apenas cinco jogos para o final da época.
Actualmente, o QPR ocupa o 10º lugar da League Championship, equivalente à segunda divisão do campeonato inglês, a 20 pontos do primeiro classificado, o Wolverhampton.