Os 247 milhões de euros (ME) gastos pelo Chelsea na contratação de jogadores sobressaíram no defeso europeu, que fechou na segunda-feira com claro domínio dos clubes ingleses, mas investimentos globais moderados, devido à pandemia de covid-19.
Superada a proibição de adquirir atletas em 2019/20, os ‘blues’ gastaram como nunca no mercado e pagaram 80 ME ao Bayer Leverkusen pelo médio Kai Havertz, além dos consideráveis esforços financeiros por Timo Werner (53 ME), Ben Chilwell (50,2 ME), Hakim Ziyech (40 ME), Édouard Mendy (24 ME), tendo Thiago Silva e Malang Sarr chegado a custo zero.
Sinal da súbita escassez de negócios avultados, a compra do internacional alemão representa apenas a 19.ª transferência mais elevada de sempre, mesmo que os clubes ingleses tenham voltado a superar os mil milhões de investimento para 2020/21, ao contrário do campeonato italiano (menos de 750 ME) e espanhol (abaixo de 500 ME).
Se o Real Madrid prescindiu de reforços pela primeira vez neste século e cobrou 83,5 ME por Achraf Hakimi (Inter Milão), Sergio Reguilón (Tottenham) e Óscar Rodríguez (Sevilha), o FC Barcelona acolheu Miralem Pjanic (60 ME), o português Francisco Trincão (31 ME, ex-jogador do Sporting de Braga), Sergiño Dest (21 ME), Matheus Fernandes (sete ME) e Pedri (cinco ME).
Os catalães resistiram à tentativa frustrada de saída de Lionel Messi, rentabilizaram as vendas de Arthur (Juventus, 72 ME), Carles Pérez (Roma, 11 ME) e Ivan Rakitic (Sevilha, 1,5 ME) e emprestaram Jean-Clair Todibo ao Benfica, mas viram partir Arturo Vidal (Inter Milão) e Luis Suárez (Atlético de Madrid) e Rafinha (PSG) a custo zero.
Essa prática ganhou força em tempos pandémicos, do atual benfiquista Jan Vertonghen, oriundo do Tottenham, ao ex-portista James Rodríguez (Everton), passando por Willian (Arsenal), Henrikh Mkhitaryan e Pedro (Roma), Alexis Sánchez (Inter Milão), David Silva (Real Sociedad), Dani Parejo (Villarreal) e Thomas Meunier (Borussia Dortmund).
A janela de mercado estival disseminou ainda os empréstimos com cláusula de compra fixada no final da época, casos do internacional português Danilo Pereira, que se mudou do FC Porto para o Paris Saint-Germain, e de Carlos Vinícius, que trocou o Benfica pelo Tottenham, treinado por José Mourinho, em moldes idênticos ao regresso de Gareth Bale.
Outras cedências com visão futura envolvem Federico Chiesa, Weston McKennie e Álvaro Morata (Juventus), adquirido pelo Atlético de Madrid ao Chelsea (56 ME), Florenzi (PSG), Reinier (Borussia Dortmund), Sandro Tonali (AC Milan), Justin Kluivert (Leipzig), Gonçalo Paciência (Schalke 04) e o ex-jogador do Benfica Tiago Dantas (Bayern Munique).
Sem hipótese de compra definitiva estão Douglas Costa (Bayern Munique), Moise Kean (PSG), Mattia De Sciglio (Lyon), Lucas Torreira (Atlético de Madrid), Ross Barkley (Aston Villa), Tiemoué Bakayoko (Nápoles), Mattéo Guendouzi (Hertha Berlim), Brahim Díaz e Diogo Dalot (AC Milan), Tomás Esteves (Reading) e Florentino Luís (AS Mónaco).
Desprovido do fulgor de anos recentes, o clube do principado liquidou 15,5 ME por Kevin Volland, à frente dos 13 ME investidos pelo Marselha, treinado por André Villas-Boas, em Luís Henrique, Álvaro González, Leonardo Balerdi e Yuto Nagatomo, mas atrás dos 31,5 ME do Lyon por Lucas Paquetá e Toko Ekambi e dos 32 ME do Lille em Jonathan David.
O Paris Saint-Germain ‘segurou’ Mauro Icardi e Sérgio Rico (56 ME), finalistas vencidos da Liga dos Campeões frente ao Bayern Munique, nova casa de Leroy Sané (45 ME), Bouna Sarr (10ME), Marc Roca (nove ME), Eric Choupo-Moting, Tanguy Nianzou e Alexander Nubel, enquanto o Borussia Dortmund gastou 48 ME em Emre Can e Jude Bellingham.
Já o Inter Milão manteve Nicolò Barella (25 ME) e Stefano Sensi (20 ME) e recrutou Aleksandar Kolarov (1,5 ME) à Roma, orientada por Paulo Fonseca, que investiu em Jordan Veretout (16 ME) e Chris Smalling (15 ME), tendo a Atalanta recebido de vez Mario Pasalic (15 ME) e o Nápoles batido recordes por Victor Osimhen (70 ME ao Lille).
Inglaterra albergou as movimentações mais dispendiosas e o Tottenham acolheu Pierre-Emile Höjbjerg (16,6 ME) e Matt Doherty (16,8 ME), de saída do Wolves, treinado por Nuno Espírito Santo, com a ‘armada’ portuguesa ampliada, graças aos ingressos de Nélson Semedo (30 ME) e Fábio Silva (40 ME), oriundo do FC Porto, que cedeu ainda Vítor Ferreira.
Diogo Jota (44,7 ME) seguiu com Thiago (22 ME) para o Liverpool, Rúben Dias (68 ME), Nathan Aké (45,3 ME) e Ferrán Torres (23 ME) entraram no Manchester City, Thomas Partey (50 ME) e Gabriel (26 ME) assinaram pelo Arsenal e o Manchester United juntou Donny van de Beek (39 ME) e o ex-portista Alex Telles (15 ME) a Edinson Cavani.
A ‘novela’ em redor do ex-avançado do Paris Saint-Germain, integrado na agenda do Benfica e de diversos outros clubes, só terminou quando faltava uma hora para o desenlace de um defeso atípico, com preços revistos em baixa e disperso entre agosto e outubro, em função de um calendário futebolístico ajustado aos efeitos da covid-19.