Os países africanos estão arredados dos mercados financeiros internacionais desde o segundo trimestre deste ano devido à degradação das condições financeiras, nomeadamente as taxas de juros, de acordo com o Banco Mundial.
"No terceiro trimestre deste ano, nenhum Eurobond [títulos de dívida em moeda estrangeira] foram emitidos na África subsaariana e nenhuma emissão foi feita no início do último trimestre", lê-se no relatório do Banco Mundial sobre esta região, com o título Pulsar de África.
"Uma pronunciada aversão ao risco e défices e dívidas acentuadamente mais elevadas na região mantiveram os juros da dívida soberana mais altos do que no início do ano, levando muitos países a adiar o regresso planeado aos mercados", como era o caso de Angola, que no início do ano tinha prevista uma emissão de dívida de 3 mil milhões de dólares (2,5 mil milhões de euros).
No relatório, o Banco Mundial diz que os desequilíbrios orçamentais deverão aumentar de 2,3% em 2019 para 5,9% este ano, melhorando para 5,4% em 2021, enquanto na África Austral a média deverá passar de 4,9% no ano passado para 9% este ano, "principalmente devido a uma deterioração nos saldos orçamentais de Angola e da África do Sul, as duas maiores economias da região".
A degradação acentuada das condições financeiras e o impacto da pandemia de covid-19 nas economias africanas levaram muitos países a pedirem a adesão à Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI), lançada pelo G20 em abril, com o apoio do FMI e do Banco Mundial.
"A DSSI foi desenhada para ser mais uma ferramenta para os decisores políticos conseguirem redirecionar recursos para combater a pandemia, por exemplo permitindo que suspendam o pagamento dos montantes devidos ou dos juros na dívida oficial bilateral desde 1 de maio até final do ano", lê-se no relatório.
Dos 73 países elegíveis para a DSSI, 38 estão na África subsaariana e só 28 países sinalizaram a intenção de aderir a esta iniciativa.
"O alívio potencial total para estes 28 países chegaria aos 5,2 mil milhões de dólares [4,4 mil milhões de euros], metade dos quais são a poupança de Angola, o país da África subsaariana que mais beneficiaria com esta iniciativa", salienta-se no documento.
Em África, há 37.680 mortos confirmados em mais de 1,5 milhões de infetados em 55 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia naquele continente.