Mais de 200 adeptos foram alvo de interdição de acesso a recintos desportivos ao longo da última temporada, revelou ontem o presidente da Autoridade para a Prevenção e Combate à Violência no Desporto (APCVD), Rodrigo Cavaleiro.
Em declarações à margem do encontro entre o Estoril Praia e o Feirense (3-3), para a sexta jornada da II Liga portuguesa de futebol, o líder da APCVD realçou o trabalho “significativo” desenvolvido pelo organismo e que levou a um aumento acentuado das proibições de entrada de adeptos em estádios e pavilhões.
“Do conhecimento que temos - falando de interdições emitidas pela própria Autoridade, mas também as emanadas pelos tribunais – e do que é controlado pelo ponto nacional de informações sobre o desporto (PNID), nesta última época foram emitidas mais de duas centenas de interdições de acesso a recinto desportivo, o que representa - no campo das interdições administrativas - mais do que o somatório de todos os anos anteriores”, afirmou.
Sublinhando o atual momento de proibição de entrada de público nos estádios, devido à pandemia de covid-19, Rodrigo Cavaleiro manifestou esperança de que “haja condições assim que possível para um regresso em segurança” dos adeptos, embora tenha recusado comentar a medida imposta pela Direção-Geral da Saúde.
O presidente da APCVD lamentou a “pendência processual” que ainda existe na entidade criada no final de 2018 e que levou a que os últimos meses marcados pela pandemia tenham sido aproveitados para resolver processos anteriores, sendo que alguns já vinham desde 2015, ou seja, antes da criação do próprio organismo.
Por outro lado, Rodrigo Cavaleiro enfatizou a aposta na formação e na prevenção que a APCVD está a fazer atualmente.
“Estamos a trabalhar no sentido de desenvolver ações de formação que vão ter um impacto na formação dos gestores de segurança, levando a que todos os parceiros, nomeadamente clubes e organizadores de competições, tenham um papel cada vez mais interventivo na mudança de atitudes e mentalidades. Essa é a verdadeira transformação. Não podemos atuar apenas num campo sancionatório e repressivo”, observou.
Finalmente, o presidente da APCVD expressou a sua “confiança” de que a presença de público nos jogos das equipas portuguesas para as competições europeias esteja a ser “devidamente acautelada” pelas forças de segurança e garantiu ter conhecimento de estar a ser feito “um acompanhamento especial”, tendo em conta que são os primeiros jogos com adeptos para os principais clubes desde o início da pandemia, em março.