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Benfica/Eleições: Três alternativas enfrentam Luís Filipe Vieira em sufrágio histórico

Três opositores procuram contrariar na quarta-feira o favoritismo de Luís Filipe Vieira ser eleito para o sexto mandato presidencial no Benfica, nas eleições mais concorridas e descentralizadas de sempre do atual líder da I Liga de futebol.

Benfica/Eleições: Três alternativas enfrentam Luís Filipe Vieira em sufrágio histórico
Futebol 365

Para tomarem posse como o 34.º líder das ‘águias’ rumo ao quadriénio 2020-2024, João Noronha Lopes (lista B), Luís Miguel David (C) e Rui Gomes da Silva (D) terão de superar o estatuto duradouro do empresário Luís Filipe Ferreira Vieira (A), que chegou ao poder em 31 de outubro de 2003, com 90,47% dos votos, sucedendo a Manuel Vilarinho.

Empenhado na revitalização do Benfica, após contrariedades desportivas e financeiras sentidas em plena viragem do milénio, o dirigente lisboeta esteve envolvido na edificação do novo Estádio da Luz e do Centro de estágios do Seixal e na conquista de sete campeonatos, três Taças de Portugal, sete Taças da Liga e cinco Supertaças Cândido Oliveira.

Os ‘encarnados’ registaram ainda duas finais perdidas da Liga Europa e a melhor década das modalidades, arrecadaram quase 480 milhões de euros na venda de talentos da formação e acumulam sete anos consecutivos de lucros, embora tenham enfraquecido os desempenhos na Liga dos Campeões e falhado o ‘pentacampeonato’ diante do FC Porto.

Na esfera judicial, os sete processos implicados desde 2015 mancham a reputação do Benfica, que viu Luís Filipe Vieira ser constituído arguido em julho por crimes de fraude fiscal no caso Saco Azul, dois meses antes da acusação de oferta indevida de vantagem na operação Lex, enquanto sugeria estar a abraçar a recandidatura ao último mandato.

O elenco diretivo mudou três dos nove rostos e inclui como vice-presidente Rui Costa, ex-futebolista, atual administrador da SAD e pretenso herdeiro ao trono ‘encarnado’, além da aposta inédita em Rui Pereira, advogado e ex-ministro da Administração Interna (Mesa da Assembleia Geral), e o retorno de Fernando Fonseca Santos (Conselho Fiscal).

Sob o lema “Uma história com futuro”, Luís Filipe Vieira, de 71 anos, mostrou ‘trunfos’ eleitorais no verão, quando consumou o regresso do treinador Jorge Jesus à Luz, enquadrado por um investimento sem precedentes no futebol luso, de 98,5 milhões de euros, contrapondo a contenção universal no mercado devido à pandemia de covid-19.

O empresário teve de reformular a comissão de honra de apoio à recandidatura, na qual constavam deputados e autarcas no ativo, com o primeiro-ministro António Costa à cabeça, e nunca enfrentou tantos oponentes como agora, sendo criticado pela falta de debates, apesar das metas comuns em reconquistar o campeonato e a glória europeia.

João Noronha Lopes, de 54 anos, admite o crescimento do clube, mas lamenta vários episódios controversos, como a Oferta Pública de Aquisição (OPA) ilegal sobre as ações da SAD ou a reprovação do orçamento para 2020/21, pugnando pelo fim de ciclo com a ajuda de um diretor desportivo, que tutele o futebol e fomente parcerias internacionais.

As 87 medidas do desígnio “A Glória é agora” visam também a realização de auditorias externas ao clube e à SAD, uma gestão transparente e sólida no plano financeiro, a limitação estatutária de três mandatos presidenciais, o reforço do papel dos associados, o investimento em infraestruturas tecnológicas e a oferta de novos serviços digitais.

Garantindo ter recusado um convite de Luís Filipe Vieira, Noronha Lopes, gestor e antigo ‘vice’ de Manuel Vilarinho, escolheu José Theotónio para o Conselho Fiscal e recebeu o apoio do movimento ‘Servir o Benfica’, liderado por Francisco Benítez, que abdicou da corrida presidencial para se candidatar à Mesa da Assembleia Geral.

Já o movimento ‘Todos P'lo Benfica’ é encabeçado por Luís Miguel David, que teve de render o empresário Bruno Costa Carvalho, derrotado em 2009, desistente em 2016 e sem os 25 anos consecutivos de sócio efetivo exigidos pelos estatutos, numa lista com José Barão das Neves (Mesa da Assembleia Geral) e Pedro Martins (Conselho Fiscal).

Ao propalado acordo com o sueco Sven-Goran Eriksson, antigo treinador das ‘águias’ em duas fases distintas (1982-1984 e 1989-1992), para diretor desportivo, junta a robustez financeira para adquirir jogadores de elite, o regresso do ciclismo, a criação de um Departamento de Mística e a abertura de uma delegação da BTV na região norte.

Os opositores de Luís Filipe Vieira tentaram unir esforços numa alternativa comum, mas sem beliscar a candidatura do advogado Rui Gomes da Silva, de 62 anos, ex-ministro Adjunto do chefe de Governo e dos Assuntos Parlamentares, que ganhou notoriedade como comentador desportivo e foi vice-presidente do clube lisboeta entre 2009 e 2016.

Na companhia de António Lourenço (Mesa da Assembleia Geral) e João Antunes (Conselho Fiscal), o programa “O Benfica é nosso” quer um diretor-geral para o futebol e direitos televisivos centralizados, afasta a venda da maioria do capital da SAD, equaciona o regresso do ciclismo e pretende um clube autónomo na relação com os empresários.

As eleições dos órgãos sociais do Benfica, antecipadas em dois dias devido à proibição de circulação de pessoas entre concelhos, como medida de combate à pandemia de covid-19, decorrem na quarta-feira, das 08:00 às 22:00 horas, no Pavilhão n.º 2 do Estádio da Luz, em Lisboa, e em 24 casas do clube dispersas de norte a sul do país.

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