O primeiro-ministro de Cabo Verde anunciou hoje no parlamento que os operadores turísticos estão a preparar a retoma da atividade nas ilhas do Sal e da Boa Vista, prevendo o regresso dos turistas a partir de 15 de dezembro.
“Tudo aponta, se tudo correr bem, que em princípios de dezembro poderemos ter os primeiros operadores para essas ilhas. Está a ser tratado”, disse Ulisses Correia e Silva, no primeiro debate mensal na Assembleia Nacional com o primeiro-ministro desde julho.
O governante recordou que desde junho esteve em curso um processo de certificação internacional de unidades de saúde para tratamento de casos de covid-19 nas duas ilhas, que dependem quase exclusivamente do turismo, parado desde março, mas também com a formação de trabalhadores do setor.
“As condições sanitárias de proteção e de um turismo seguro estão criadas nestas duas ilhas. Estamos agora à espera em termos de demanda. Todos os dados apontam que em 15 de dezembro poderemos ter o começo da chegada de turistas, de que tanto essas ilhas precisam para podermos começar novamente a reativar o emprego, a atividade económica”, sublinhou.
O debate com o primeiro-ministro abre a segunda sessão parlamentar ordinária de outubro, que se prolonga até sexta-feira, tendo o tema “As respostas sanitárias, económicas e sociais para o novo contexto da pandemia de covid-19” sido agendado pelo grupo parlamentar do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição).
Para esta retoma do turismo – que garante 25% do Produto Interno Bruto do país, recorde de 819 mil turistas em 2019 -, Ulisses Correia e Silva explicou que haverá um aumento da capacidade de testagem à covid-19, inclusive prevendo a sua realização nos hotéis.
“Para isto aumentamos a capacidade de testagem, porque a entrada e a saída [do país] vai ser mediante testes de PCR [de despiste à covid-19], não só em termos de quantidade, mas também em capacidade de resposta, rápida, possibilidade de instalação de serviços de apoio ao teste nos próprios hotéis, nos grandes estabelecimentos hoteleiros”, destacou o primeiro-ministro.
Num processo de retoma ainda lenta da atividade turística nas duas ilhas, o hotel Hilton na ilha do Sal, com 241 quartos e um dos ‘resorts’ de luxo do arquipélago, encerrado desde março, reabriu em 16 de outubro, cinco dias depois do regresso dos voos internacionais a Cabo Verde.
Trata-se da primeira reabertura de uma grande unidade hoteleira na ilha do Sal, a mais turística do arquipélago, cujo aeroporto internacional movimentava anualmente mais de um milhão de passageiros, mas que em 18 de março viu os voos comerciais internacionais suspensos - como em todo o país -, decisão tomada pelo Governo para travar a pandemia de covid-19.
As ilhas do Sal e da Boa Vista aguardam ainda a reabertura das unidades do grupo Tui, nas suas várias marcas, que garante uma parte substancial dos turistas que anualmente, até à pandemia de covid-19, visitavam o arquipélago.
Fonte do grupo Tui contactada pela Lusa remeteu informação sobre a reabertura das unidades em Cabo Verde para mais tarde.
O Governo cabo-verdiano escreveu aos ministros do Turismo da União Europeia (UE) pedindo o regresso do turismo ao arquipélago, face às condições sanitárias de prevenção à covid-19 adotadas, revelou anteriormente o chefe da diplomacia de Cabo Verde.
Segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Filipe Tavares, a carta, dirigida a todos os ministros com a pasta do Turismo nos países da UE, foi enviada há cerca de duas semanas, também aos chefes da diplomacia dos mesmos países, subscrita ainda pelo titular da pasta do Turismo cabo-verdiano.
“Exatamente na perspetiva de retomarmos a atividade turística, particularmente nas ilhas do Sal e da Boa Vista”, explicou Luís Filipe Tavares.
O Governo cabo-verdiano afirmou em 16 de outubro que o país está “em condições e preparado” para voltar a receber turistas, após a conclusão da auditoria ao setor da saúde e da certificação de 500 estabelecimentos turísticos.
Em comunicado, o executivo referiu que foi concluída “com sucesso” a primeira fase da implementação das diretrizes Posi-Check, para instalações médicas regionais, tendo sido certificados e aprovados os centros e unidades de cuidados intensivos de covid-19 no Hotel Sabura e no Hospital Ramiro Figueira, ambos na ilha do Sal.
Igualmente certificados por esta auditoria internacional, conduzida pela consultora Intertek Cristal, foram o novo centro de Saúde de Santa Maria (Sal) e da Clínica de Boa Esperança e delegacia de Saúde, ambas na Boa Vista, sendo estas as duas principais ilhas turísticas de Cabo Verde.
“Iniciativa do Governo de Cabo Verde, o programa de auditoria Posi-Check foi projetado para atender às necessidades atuais e futuras, no sentido de formular e monitorar uma resposta eficaz à mitigação da propagação da covid-19 em Cabo Verde. O mesmo representa um investimento e uma forte aposta na criação de condições sanitárias adequadas para a retoma do turismo no país”, apontava o comunicado.
Paralelamente, desde junho que está em curso o programa de certificação “Cabo Verde Turismo”, que consiste na preparação dos estabelecimentos ligados ao setor e subsetores do turismo, como aeroportos, portos, transferes, táxis, restaurantes, agências de viagens e excursões, empresas de aluguer de viaturas, casinos e outros.
Até ao momento, participaram neste programa de certificação cerca de 500 estabelecimentos, praticamente 1.300 participantes, em todas as ilhas, pelo que o Governo entende que, com estas medidas, o “país está em condições e preparado para chegada dos turistas”.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,1 milhões de mortos e mais de 44 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.