A Itália registou 26.831 novos casos de covid-19 nas últimas 24 horas, um recorde que coincide com o maior número de testes realizados, e 217 óbitos, segundo o boletim de hoje do Ministério da Saúde.
Este é o maior aumento de contágios que eleva o total de infetados para 616.595 desde início da crise sanitária em Itália, no final de fevereiro, mas agora são realizados muitos mais exames de diagnóstico do que naquela altura, com mais de 200.000 feitos pela primeira vez.
O número de 217 mortes é o segundo maior desde meados de maio, na terça-feira foram 221, e isso significa que as fatalidades em Itália provocadas pelo vírus são 38.122 desde fevereiro.
Os pacientes com covid-19 continuam a aumentar e são atualmente quase 300.000 pessoas infetadas, a grande maioria isolada nas suas casas com sintomas leves ou sem sintomas.
A situação hospitalar preocupa porque a pressão não para, com um aumento de internamentos de 1.098 nas últimas 24 horas, para um total de 17.615, das quais 1.651 estão em unidades de cuidados intensivos, mais 115 do que na quarta-feira.
A região mais afetada continua a ser a Lombardia, que soma 7.339 novos casos, a maioria na capital Milão e Monza, seguida pela região da Campânia, com 3.103, e Piemonte, 2.585.
O presidente do Conselho Superior de Saúde, Franco Locatelli, assessor do governo na crise, defendeu hoje que a preparação do país “agora não é comparável à de março”, porque agora já se sabe como combater o vírus e, sobretudo, há mais meios.
Atualmente, a idade média dos pacientes com covid-19 no país é de cerca de 42 anos e há ainda cerca de 5.000 vagas nas unidades de cuidados intensivos. A maioria das pessoas hospitalizadas nessas unidades supera os 65 anos e têm outras doenças.
No entanto, Locatelli alertou que há “exceções” e casos de jovens que necessitam de cuidados intensivos, por isso pediu para não se sentirem imunes.
Por outro lado, tentou explicar porque desta vez o foco está em Lombardia e não em Bérgamo, a área mais afetada na primeira vaga, e segundo o próprio, isso deve-se a uma “memória social”, à qual os habitantes aprenderam-se a proteger melhor, e a uma “memória imunológica” que foram capazes de desenvolver.
Locatelli falou de uma futura vacina que acredita que só estará disponível a partir da próxima primavera e defendeu as terapias com anticorpos monoclonais como as “mais promissoras” para lidar com o novo coronavírus no corpo humano.
Para enfrentar esta segunda vaga, a Itália, em estado de emergência até 31 de janeiro de 2021, encerrou cinemas, teatros, piscinas e ginásios, assim como bares e restaurantes durante a noite, sendo que várias regiões impuseram toque de recolher noturno.
Especialistas e analistas questionam se será possível evitar um novo confinamento geral do país, especialmente depois do imposto na quarta-feira em França, embora o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, continue a considerá-lo a última alternativa.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,1 milhões de mortos e mais de 44,5 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.