Jogadores portugueses ou com passagens pelo futebol nacional estão a disponibilizar a visibilidade das suas páginas nas redes sociais para promoverem ajuda a diversos negócios afetados pela pandemia de covid-19.
“É uma coisa que já vem do meu feitio, mas grande parte da ideia deve-se à malta da [agência de comunicação] Creative Center. Debateram-na connosco e, logicamente, aceitámos, porque o país atravessa uma situação complicada, há muita gente a passar dificuldades e estas iniciativas fazem falta”, contou à Lusa o extremo Fábio Martins.
Além do atleta dos sauditas do Al-Shabab, Fransérgio (Sporting de Braga), Sílvio (Vitória de Guimarães) ou Davidson (Alanyaspor, da Turquia), entre outros, associaram-se no auxílio prestado ao comércio tradicional e à restauração, setores “que sofrem primeiro e sofrem mais” com as medidas impostas pelo Governo durante o estado de emergência.
“Coloco as minhas redes sociais à vossa inteira disposição, de modo a dar a conhecer os vossos negócios. Neste momento tão difícil não podemos ter outra atitude que não seja sermos uns para os outros. Sintam-se à vontade para me enviar os nomes dos vossos estabelecimentos, que eu farei aqui a devida promoção”, escreveu o defesa Sílvio.
A iniciativa começou a ser dinamizada no início da semana, em consonância com o reforço das medidas restritivas nos 121 concelhos de maior risco de contágio, tendo acumulado múltiplas respostas por parte de estabelecimentos de restauração e de negócios de beleza, cabeleireiros, ginásios, seguradoras, vestuário ou turismo.
“Estou a receber alguns pedidos e hoje comecei a publicá-los. Ainda só passei os olhos por alto, mas é mais ou menos o mesmo género de histórias. As pessoas aproveitam, e bem, para ganhar um pouco de destaque”, frisou Fábio Martins, vinculado ao Sporting de Braga e com passagens por Paços de Ferreira, Desportivo de Chaves e Famalicão.
A pandemia de covid-19 vai agudizando fragilidades, embora parte dos obstáculos sejam ultrapassados pelo altruísmo de diversos quadrantes da principal modalidade do país, como expressam as angariações de fundos, os leilões solidários e até o lançamento da associação “Do Futebol para a Vida” por parte de atletas do Campeonato de Portugal.
“As pessoas estão sempre de olho naquilo que fazemos. Se temos algum público e bastante visualização, faz sentido aproveitarmos isso da melhor maneira. Não só para deixarem gostos e acompanharem o nosso dia-a-dia, mas também para ajudarem os outros. Esta iniciativa foi muito boa e espero que resulte bem”, afiançou.
Oito meses após o início da pandemia, Portugal voltou na segunda-feira ao estado de emergência, que se prolongará até 23 de novembro e já tinha vigorado entre março e maio, na sequência de uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros.
Entre as medidas restritivas estão o recolher obrigatório em dias úteis, das 23:00 às 05:00, e a limitação de circulação nos próximos dois fins de semana, entre as 13:00 de sábado e as 05:00 de domingo e as 13:00 de domingo e as 05:00 de segunda-feira.
Segundo o decreto promulgado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, são permitidas as “deslocações a mercearias e supermercados e outros estabelecimentos de venda de produtos alimentares e de higiene, para pessoas e animais”.
A Associação Nacional de Restaurantes PRO.VAR acusou no domingo o Governo de paralisar “quase por completo” um setor “à beira da bancarrota”, alertando que as novas diretrizes de combate aos efeitos do novo coronavírus “caíram com estrondo no setor”.
A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 1.275.113 mortos no mundo desde dezembro do ano passado, incluindo 3.103 em Portugal.