A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), reconhecido centro de investigação médica brasileiro, informou hoje que a prevê vacinar 65 milhões de pessoas no primeiro semestre de 2021, e outras 65 milhões no segundo, com o imunizante da AstraZeneca/Oxford.
Em entrevista ao canal GloboNews, o vice-presidente de produção e inovação em saúde da Fiocruz, Marco Krieger, afirmou que estão a ser consideradas duas doses da vacina para cada pessoa.
A Fiocruz tem um acordo de transferência de tecnologia com a AstraZeneca, farmacêutica que desenvolve uma vacina em parceria com a Universidade de Oxford, para a produção do imunizante em solo brasileiro.
"Nós estaríamos a prever termos, no primeiro semestre, 100 milhões de doses para oferecermos duas doses para 50 milhões de cidadãos no Brasil, e vamos poder chegar já no primeiro semestre a duas doses e 65 milhões de brasileiros. E no segundo semestre, com a produção 100% nacional da vacina na Fiocruz, chegaremos a outros 65 milhões, então o total de 130 milhões de brasileiros [que poderão ser vacinados]", afirmou Krieger.
"A grande vantagem é que esse protocolo traz um benefício adicional. Vamos poder fornecer a vacina para mais 30% de pessoas do que o inicialmente previsto", acrescentou o vice-presidente.
Tendo em conta a população do Brasil, país que tem cerca de 212 milhões de habitantes, a percentagem de pessoas que serão vacinadas em 2021 com o imunizante da AstraZeneca/Oxford ronda os 61%.
A potencial vacina contra a covid-19 desenvolvida pelo laboratório britânico AstraZeneca e pela Universidade de Oxford tem uma eficácia média de 70%, segundo um comunicado hoje divulgado.
Estes são resultados provisórios dos ensaios clínicos em grande escala desenvolvidos no Reino Unido e no Brasil, diz a AstraZeneca.
Em relação aos dados já disponíveis, esta vacina apresenta uma taxa de eficácia média menor do que as divulgadas pela Pfizer/BioNTech ou pela Moderna, que ultrapassam os 90%.
Um regime de dosagem mostrou uma eficácia da vacina de 90% quando foi administrada inicialmente em meia dose, seguida por uma dose completa com pelo menos um mês de intervalo.
Outro regime de dosagem mostrou uma eficácia de 62% quando administrada em duas doses completas com pelo menos um mês de intervalo.
A análise combinada de ambos os regimes de dosagem resulta numa eficácia média de 70%, explica a empresa, acrescentando que "mais dados continuarão a ser acumulados e análises adicionais serão desenvolvidas, refinando a leitura da eficácia para estabelecer a duração da proteção" conferida.
A vacina de Oxford é uma das quatro que estão em testes de fase três no Brasil. As outras três candidatas em testes no país são as da Pfizer/BioNTech, da Sinovac (CoronaVac) e da Johnson & Johnson.
O estado brasileiro de São Paulo e o Instituto Butantan confirmaram hoje que o estudo da Coronavac, potencial vacina chinesa contra a covid-19, chegou à fase final e os resultados sairão na primeira semana de dezembro.
Segundo o governo estadual de São Paulo, a previsão é que 46 milhões de doses estejam disponíveis no Brasil até janeiro do próximo ano.
O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo maior número de mortos (mais de 6 milhões de casos e 169.183 óbitos), depois dos Estados Unidos.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.388.590 mortos resultantes de mais de 58,6 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.