Portugal acolheu, entre julho e novembro, mais de 200 atletas brasileiros, que participaram na Missão Europa, preparada pelo Comité Olímpico do Brasil (COB), que considerou um “êxito” esta iniciativa para assegurar a normalidade de treinos.
Ao todo foram 215 atletas de 18 modalidades que prepararam em solo luso os Jogos Olímpicos Tóquio2020, adiados para 2021 devido à pandemia de covid-19, para contornar as restrições existentes no Brasil, um dos países mais afetados pelo novo coronavírus.
“A Missão Europa significou para o COB dar uma estrutura de treino segura para os nossos atletas, em cenário de pandemia. O balanço foi extremamente positivo e o ‘feedback’ que recebemos dos atletas foi muito bom, eles ficaram muito satisfeitos com a forma como foram recebidos nas bases em Portugal, pelo que temos a certeza que foi uma missão coberta de êxito”, explicou à Lusa Marco La Porta, o Chefe de Missão do Brasil a Tóquio2020.
Rio Maior, que acolheu atletas de natação, atletismo, triatlo, râguebi e pentatlo moderno, foi o epicentro da Missão Europa, que se alargou também a Coimbra (judo), Cascais (vela), Sangalhos (ginástica artística e rítmica e BMX) e Vila Nova de Gaia (ténis de mesa).
“A escolha de Portugal como base para a Missão Europa deveu-se a vários fatores, o primeiro foi a facilidade que encontrámos junto do Comité Olímpico de Portugal para nos ajudar a abrir as fronteiras, para que os nossos atletas pudessem exercer as suas atividades profissionais. Além disso, já temos uma relação de longa data com o centro de estágios de Rio Maior e com algumas das outras bases, tendo facilitado também a questão do idioma”, frisou Marco La Porta.
O responsável do COB admitiu reeditar a ação de estágio massivo caso o impacto da pandemia dificulte a preparação dos atletas brasileiros, tendo em vista os Jogos Olímpicos Tóquio2020, que vão ser disputados entre 23 de julho e 08 de agosto de 2021.
“O cenário ainda é incerto. Há a questão da vacina, mas não sabemos como vai avançar a pandemia. Se o cenário de hoje persistir, devemos retomar a Missão Europa no próximo ano. Vai depender muito de como vão ficar as condições no Brasil, as condições de treino para os nossos atletas, e, se não tivermos condições para trabalhar adequadamente, sem risco para a saúde dos atletas, devemos retomar a Missão Europa”, salientou.
Em declarações à Lusa, La Porta admitiu que esta ação poderia ter ocorrido noutro local, mas enalteceu as vantagens oferecidas por Portugal: “Apresentou as condições mais seguras, com melhor custo-benefício, e, então, não pensámos em ir para outro país”.
Todos os elementos da estrutura da Missão Europa foram testados à covid-19 antes do embarque no Brasil, cerca de 72 horas antes, e, novamente, à chegada a Portugal, onde também realizaram testes serológicos, permanecendo em isolamento até ao conhecimento dos resultados, num protocolo sanitário que La Porta considerou adequado.
“Nós tivemos muito poucos casos com testes positivos à covid-19 durante esse período, foram cinco, em mais de 300 pessoas. O saldo é positivo, porque nenhum dos atletas teve qualquer caso grave, pelo que facilitou a concretização do protocolo, com o teste à saída do Brasil, outro à chegada, permanecendo em isolamento até ao resultado. Isso funcionou e não colocou em risco a delegação”, recordou.
Após os estágios em Portugal, os atletas brasileiros retomaram os treinos ou as competições, tendo sido esse o propósito da Missão Europa, segundo o Chefe da Missão brasileira.
“Todo o nosso plano foi feito de forma a que o atleta que fosse para Portugal tivesse um programa posterior. Nenhuma equipa ou atletas esteve na missão sem ter uma competição na Europa, no Brasil, quando regressasse, ou tivesse condições de treino adequadas. Todos os que passaram pela Missão Europa estão, agora, a treinar normalmente”, rematou.
O Brasil vai defender em Tóquio2020 sete títulos olímpicos conquistados em ‘casa’, pela judoca Rafaela Silva (-57 kg), pelo saltador com vara Thiago Braz da Silva, pelo pugilista Robson Conceição (peso ligeiro, -60 kg), pelas equipas masculina de voleibol, voleibol de praia (Alison Cerutti e Bruno Schmidt) e futebol e pelas velejadoras Martine Grael e Kahena Kunze (49er FX).
No Rio2016, o Brasil foi o 13.º país do medalheiro, com um total de 19 metais, amealhando seis pratas e outros tantos bronzes, a juntar aos sete ouros.