Declarações de Jorge Jesus, treinador do Benfica, após a derrota frente ao FC Porto (0-2), na final da Supertaça de futebol, disputada na quarta-feira, no Estádio Municipal de Aveiro.
“A chave [para o Benfica não sair vitorioso] esteve no FC Porto mais eficaz. O jogo foi equilibrado.
Na primeira meia hora, o Benfica, não direi que foi a equipa que mais oportunidades teve, mas teve duas situações em que podia criar situações de golo, em duas saídas fortes do Rafa. Não direi que podia ser golo, mas, pelo menos, estas jogadas têm que se definir até ao fim.
E depois, aos 30 minutos, o FC Porto fez o golo e ficou mais seguro, com muitas jogadas para as costas do Marega.
Na segunda parte, o Benfica foi mais próximo do Benfica, conseguiu ter mais bola do que aquilo que conseguiu na primeira parte. E a diferença, na minha opinião, está na decisão da finalização. Não houve grandes oportunidades para ambas as equipas, mas aquelas oportunidades que poderiam dar finalização, o FC Porto soube concretizar e o Benfica, aquelas oportunidades que poderiam dar finalização, não as soube definir.
Foi um jogo muito competitivo, onde as duas equipas preocuparam-se muito em ganhar a primeira e a segunda bola e as finais são assim. Normalmente, as equipas que sabem melhor aproveitar as oportunidades que têm numa final são as que saem vencedoras e o FC Porto foi vencedor, principalmente por esse motivo.
Tinha dito [antes do jogo] que esta final era importante, porque era o primeiro título da época e, portanto, era importante vencê-lo, mas, face aos objetivos principais e daquilo que as equipas têm, tanto do Benfica como do FC Porto, não era prioridade. Agora, é uma prioridade como é óbvio teres tido o primeiro título [em disputa] e não o teres vencido. O FC Porto foi mais consistente, soube aproveitar melhor as oportunidades. Também tem mais experiência de três, quatro anos, com quase todos [os jogadores] a jogarem juntos e, portanto, essa é a questão que se coloca aqui.
O Luisão não deu nenhuma reprimenda aos jogadores. O Luisão, como não gosta de perder - como o treinador não gosta nem os jogadores -, como capitão da equipa há vários anos, estava triste como estou eu, e o Rui e como estamos todos nós e ele, naquele momento em que estávamos todos ali, teve uma opinião, mas não deu nenhuma repreensão a jogadores. Disse que foi a primeira final que perdemos e que sirva para a gente aprender e Benfica é Benfica. Não foi com intenção de estar a dar uma repreensão.
Estamos há quatro ou cinco meses à frente do Benfica e estamos à procura de voltar a ser uma equipa com hegemonia em relação aos nossos dois rivais. Hoje, tínhamos a oportunidade para mostrar isso, porque era uma decisão. Ao longo destes quatro, cinco meses, fizemos jogos e tivemos situações de muita qualidade. Temos feito aqui um intermitente, mas como é óbvio andamos à procura de encontrar o melhor caminho para uma equipa que tem quatro meses e que está a tentar identificar-se com ideias do seu treinador e hoje na primeira final não conseguiu [vencer], porque o nosso adversário foi melhor.
Não tenho a sensação que o Benfica foi sempre menos que o FC Porto. Tenho a sensação que durante o jogo o Benfica foi algumas vezes menos que o FC Porto. Mas tenho a sensação e a certeza que o Benfica durante a segunda parte e os primeiros 25 minutos até à grande penalidade foi sempre igual ao FC Porto e houve alguns momentos na segunda parte em que foi melhor.
[O regresso ao futebol português] Não tem sido difícil. O meu começo no futebol no Brasil também não foi fácil. Também perdi a primeira decisão no Flamengo, só que tinha três semanas e aqui tenho cinco meses. É uma questão de estarmos a trabalhar em cima daquilo que é as nossas convicções, a qualidade individual da equipa para passar a termos uma equipa mais forte coletivamente para conhecer melhor os momentos do jogo. Ainda não conseguimos pôr a equipa dentro desse patamar, mas hoje o Benfica perdeu a final, não porque sentisse que o FC Porto fosse uma equipa superior ao Benfica. Foi superior ao Benfica nos momentos decisivos do jogo."