O uso de contracetivos modernos entre raparigas e mulheres mais do que duplicou em Moçambique nos últimos oito anos, o melhor desempenho entre os países que foram acompanhados pela parceria Planeamento Familiar 2020, revela um relatório publicado hoje.
A prevalência do uso de contraceção moderna no país aumentou de 14,5% em 2012 para 36,4% em 2020, excedendo a meta do país de 34%, indicou o relatório da FP2020, crescimento mais rápido que Benim, Burkina Faso, Chade, Costa do Marfim, República Democrática do Congo, Guiné, Mali, Mauritânia, Níger, Senegal, Serra Leoa e Somália, os outros 12 países com bom desempenho.
"Moçambique está particularmente focado em garantir que os adolescentes tenham acesso ao planeamento familiar, e registou um forte progresso na prestação de serviços baseados na escola, ampliação da distribuição baseada na comunidade, treinando prestadores de serviços sobre o atendimento respeitoso de clientes jovens, expandindo a disponibilidade de métodos de longa duração reversíveis e métodos permanentes de contraceção”, refere o documento.
Os autores do relatório também elogiam a inclusão do planeamento familiar no acompanhamento de cuidados materno-infantis, conduzindo programas de campanhas de consciencialização dirigidas ao público, utilizando plataformas digitais de saúde e estabelecendo serviços dedicados a jovens.
"Moçambique tem sido consistentemente o país de crescimento mais rápido, uma prova do compromisso do Governo e parceiros para chegar a todas as mulheres, incluindo adolescentes, com uma variedade de opções contracetivas”, acrescentam.
É um dos 11 países que estavam no caminho certo antes do início da pandemia de covid-19 para atingir as metas estabelecidas, estimando-se que, desde 2012, mais 1,9 milhões de raparigas e mulheres em Moçambique tenham acesso a contracetivos modernos.
Segundo dados de 2015, a maioria usa contracetivo injetável (45,3%), pílula (24,4%) e contracetivos (15,5%), tendo ajudado a evitar, pelo menos, 991 mil gravidezes indesejadas, 218 mil abortos e 2.200 mortes de mães.
Angola aderiu à parceria FP2020 em 2019 e pretende implementar uma Estratégia Nacional de Planeamento Familiar que dê prioridade aos adolescentes e jovens com idades entre os 15 e os 24 anos, no âmbito da campanha “Nascidos Livres para Brilhar” e o compromisso do governo angolano em garantir uma escolha ampla de métodos contracetivos.
“Angola enfrenta alguns desafios como país que teoricamente tem recursos para gastar em Planeamento Familiar, mas ao qual não deu prioridade. Moçambique focou-se em adolescentes como principal população e penso que Angola tem oportunidades semelhantes”, disse Jason Bremner, um dos autores do relatório, à agência Lusa.
Segundo o relatório, o Governo angolano comprometeu-se a investir meio milhão de dólares anualmente para o planeamento familiar e em desenvolver uma lei de saúde reprodutiva.
A FP2020 é uma parceria que envolve organizações como a Fundação Bill & Melinda Gates, Ministério dos Negócios Estrangeiros e do Desenvolvimento britânico, Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e a agência de desenvolvimento internacional dos Estados Unidos (USAID).
Foi formada em 2012, após a Cimeira Sobre Planeamento Familiar realizada em Londres, com o objetivo de acrescentar 120 milhões aos 260 milhões de raparigas e mulheres que usavam contraceção há oito anos atrás.
Segundo o relatório publicado hoje, ficou-se por metade da meta, estimando-se que atualmente 320 milhões de mulheres e raparigas nos 69 países africanos e asiáticos em desenvolvimento abrangidos usem métodos como a como a pílula, contracetivo injetável, preservativos e dispositivo intrauterino.
Terminado o projeto, a parceria pretende renovar a iniciativa numa parceria FP2030 para chegar a mais pessoas, já que todos os anos o número de mulheres em idade reprodutiva tem aumentado em média em 15 milhões só nos 69 países em causa.