O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga hoje uma estimativa rápida da variação do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020, ano marcado pela pandemia de covid-19, que registou uma queda de 5,7% no terceiro trimestre.
No dia 30 de novembro, o INE confirmou que o PIB caiu 5,7% no terceiro trimestre em termos homólogos e recuperou 13,3% em cadeia (face ao segundo), após uma contração de 16,4% observada no segundo trimestre face ao mesmo do ano de 2019, e uma queda de 13,9% em cadeia.
O segundo trimestre de 2020 observou a maior quebra do PIB desde que há registo em Portugal, devido à paralisação quase total da atividade económica no país durante o período de vigência do primeiro estado de emergência, entre 19 de março e 02 de maio, e às limitações impostas à maioria dos setores da sociedade.
Segundo o INE, a quebra associada à pandemia de covid-19 fez-se sentir "de forma mais intensa nos primeiros dois meses do segundo trimestre", com descidas homólogas de 39,5% nas exportações e de 29,9% nas importações, e contrações de 11,9 pontos percentuais da procura interna e de -4,4 pontos percentuais da procura externa líquida.
Porém, e tal como assinalou o Banco de Portugal (BdP) no seu Boletim Económico de dezembro, a trajetória de recuperação "superior à antecipada" no terceiro trimestre foi depois "invertida no quarto trimestre com a implementação de novas medidas de contenção em Portugal e nos principais parceiros comerciais".
"Com o levantamento gradual das restrições, o consumo privado aumentou 12,8% em cadeia no terceiro trimestre. As compras de bens duradouros recuperaram mais rapidamente (ultrapassando o nível pré-crise), enquanto nos serviços a melhoria foi mais lenta. No quarto trimestre a recuperação do consumo privado foi invertida, estimando-se uma redução em cadeia bastante inferior à registada no segundo trimestre", de acordo com o Boletim Económico do BdP.
Também o INE referiu, já em janeiro, que os meses de novembro e dezembro de 2020 marcaram uma “interrupção da recuperação parcial” da atividade económica observada desde maio, embora a confiança dos consumidores e o clima económico tenham melhorado no último mês do ano de 2020.
Novembro é apontado pelo INE como tendo sido, no quarto trimestre de 2020, “o mês mais negativo para a atividade económica”.
Em abril, o Fundo Monetário Internacional previu uma recessão de 8% em 2020, números que foram revistos posteriormente, para uma recessão de 10,0%.
A Comissão Europeia estimou inicialmente uma contração da economia de 6,8%, mas as previsões atuais já apontam para uma quebra superior, de 9,3%, do PIB português.
O Banco de Portugal previu, em junho, uma recessão económica de 9,5% em 2020 devido à pandemia de covid-19, uma revisão atualizada em outubro e confirmada em dezembro, para uma recessão de 8,1%.
O Governo estima uma queda de 8,5% do PIB em 2020, uma décima abaixo das previsões da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), mas um número mais favorável que o previsto pelo Conselho das Finanças Públicas (CFP), uma queda de 9,3%.