loading

Belenenses combate «descrença» dos jovens com «coragem e resiliência»

A “descrença e desilusão crescente” dos jovens atletas tem afetado a vivacidade do desporto de formação, parado devido à pandemia de covid-19, mas o centenário Belenenses tenta “aguentar o máximo possível” esta fase, com “coragem e resiliência”.

Belenenses combate «descrença» dos jovens com «coragem e resiliência»
Futebol 365

“É um cenário de grande dificuldade, mas temos de manter o foco. O que se pede aos dirigentes do Belenenses é coragem, resiliência e aguentar o máximo possível”, apontou à Lusa o presidente dos lisboetas, Patrick Morais de Carvalho, que lembrou a necessidade do “esforço de todos para que o clube possa sobreviver”.

Numa época fortemente marcada pela ausência de “receitas desportivas, de bilhetes de época e de jogo, de receitas de audiovisual, marketing, patrocínios ou ‘merchandising’ e de vendas de atletas”, a esperança numa recuperação passa por apoios do Estado, que “demoram muito tempo a chegar”, sob pena de “90% dos clubes em Portugal” não aguentarem.

“Para nós termos esperança, é preciso neste momento que o Estado não falhe aos clubes e associações desportivas. Se falha, ninguém vai resistir. Se não receberem os apoios, vão passar a incumprir e vão ter de fechar portas”, alertou, garantindo: “Assim que seja possível, o Belenenses terá de estar na linha da frente, para rapidamente recuperarmos”.

Com 101 anos de vida, o clube da Cruz de Cristo é reconhecido pelo seu ecletismo, que abrange nove modalidades, e pela aposta na formação de jovens desportistas, embora a pandemia tenha causado o abandono de muitas crianças e adolescentes, privados do contacto físico com os colegas.

“É a descrença dos miúdos e a desmotivação das equipas técnicas, pois estão há muito tempo sem competição. Estamos a fazer treinos individuais em casa, de preparação física e pouco mais. Durante uma semana, as crianças acham piada, mas, ao fim de um mês, desistem”, contou à Lusa o vice-presidente Pedro Lourenço, responsável pelas modalidades de pavilhão.

Embora o andebol e o futsal tenham sofrido uma redução de cerca de 15% no número de jovens praticantes, o basquetebol e o voleibol compensaram esses abandonos com um aumento de atletas, pois “são duas modalidades que, a nível de treinos, não exigem tanto contacto físico e é mais fácil fazer treino individualizado”.

“Quanto maior for a necessidade do coletivismo e do contacto físico, maior é a desmotivação”, sublinhou Pedro Lourenço, acrescentando: “Normalmente, muitos terminam o percurso desportivo quando chegam a seniores. O que estamos a assistir é ao término desse percurso não aos 18 ou 19 anos, mas sim com dois anos de antecedência”.

No futebol de formação, a taxa de abandono situa-se igualmente entre os 15 e os 20%, mas João Raimundo, responsável pelos escalões etários da modalidade entre os seis e os 19 anos, acredita que seja apenas “um interregno da atividade desportiva” e que os jovens regressem após o período pandémico, apesar de entender os motivos que levaram às desistências.

“Um desporto coletivo pressupõe um conjunto de outras capacidades (técnicas, táticas e psicológicas) que ficam fora deste meio de intervenção, um conjunto de valências que não conseguimos integrar nestas novas tecnologias. Têm de interagir uns com os outros e não o conseguem fazer de forma isolada”, explicou à Lusa.

A suspensão competitiva nos juniores, último patamar de transição para o futebol sénior, é vista com “profunda injustiça”, pois “não vão ter as oportunidades naquilo que sonhavam e se sacrificaram”.

“Alguns clubes do Campeonato de Portugal, a treinarem e a competirem, querem atletas nossos. Nós, sem competir, temos de os largar, no meio do processo formativo, sem saber se serviriam para o nosso projeto”, exemplificou, corroborado pelo presidente, que sugeriu a adoção do modelo brasileiro de estender o escalão para sub-20, em vez dos atuais sub-19.

Por sua vez, as modalidades ao ar livre do Belenenses (atletismo e triatlo) não sofreram tantos condicionalismos e houve até “um acréscimo considerável de atletas”, mas o presente confinamento, que encerrou piscinas e pistas de atletismo e impossibilitou os treinos em grupo, desestabilizou o crescimento e a expectativa criada, o que obrigou a uma reinvenção.

“Assisti a coisas extraordinárias, como corridas e estafetas virtuais. A primeira fase de confinamento obrigou a uma reinvenção no processo de treino, mesmo nos próprios treinadores, que não estavam preparados”, assumiu Óscar Machado Rodrigues, vice-presidente e responsável pelas modalidades ‘outdoor’ do clube do Restelo.

Quanto ao futuro, os dirigentes do Belenenses não têm dúvidas de que as equipas e seleções nacionais “vão ter perda de qualidade”, devido a “uma geração de atletas que se vai perder” para “outros vícios” contrários aos objetivos do desporto, como “o sedentarismo, os videojogos e o antissocial”.

Siga-nos no Facebook, no Twitter, no Instagram e no Youtube.

Relacionadas

Para si

Na Primeira Página

Últimas Notícias

Notícias Mais vistas

Sondagem

Quem reforçou-se melhor no mercado?