A SAD do FC Porto conseguiu gerar receitas de 43,2 milhões de euros com a venda de futebolistas na primeira metade de 2020/21, segundo o relatório e contas hoje enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
O resultado das transações de passes, adianta o documento, atinge os 43,233 milhões de euros, num indicador que engloba custos e proveitos resultantes das transferências de direitos desportivos de jogador, incluindo mecanismos de solidariedade pela formação de atletas.
Se esta tem sido “tradicionalmente uma rubrica preponderante nas demonstrações financeiras do grupo”, este ano há dois negócios que saltam à vista como tendo sido marcantes: a venda de Fábio Silva para o Wolverhampton e de Alex Telles para o Manchester United.
Segundo o documento, estes dois negócios contribuíram “essencialmente” para o valor total, com Fábio Silva, que tinha sido vendido por 40 milhões de euros como anunciado, a render “uma mais-valia de 25 milhões, após a dedução do valor global de 14,9 milhões” para “custos com serviços de intermediação” e outras rubricas contabilísticas.
O mesmo se passa com Alex Telles, que rendeu 11,2 milhões aos cofres dos ‘dragões’, depois de subtraídos os custos operacionais, com as transferências a englobarem, a par dos prémios desportivos pela participação em competições europeias, a principal fatia das receitas.
O FC Porto comunicou que fechou o primeiro semestre da época de 2020/21 com lucros de 34,450 milhões de euros, “apesar do impacto adverso da pandemia”, que compara com os prejuízos de 51,854 ME do período homólogo em 2019.
Para a obtenção deste resultado, que deixa o FC Porto bem encaminhado no cumprimento do ‘fair-play’ financeiro da UEFA, foi determinante o regresso às competições europeias.
Destes quase 56 milhões fazem parte valores relativos à prestação na Liga dos Campeões, mas também uma contribuição devida pelo nono lugar conseguido no ‘ranking’ a 10 anos da UEFA, que ascende a 26,6 milhões.
Embora se mantenha a interdição dos estádios ao público, devido à pandemia de covid-19, e a consequente inexistência de receitas de bilheteira, os proveitos operacionais, excluindo passes de jogadores, aumentaram significativamente, atingindo agora os 94,777 ME.
Os direitos de transmissão televisiva também foram reforçados, passando de 18,1 para 22,5 ME, e as rubricas relacionadas com passes de jogadores também tiveram um contributo bastante positivo, na ordem dos 28,185 ME, para as contas da sociedade portista.
O presidente do clube, Pinto da Costa, escreve numa mensagem a abrir o relatório que os valores financeiros atingidos pelo grupo portista “só não são ainda mais favoráveis por causa de uma sequência de decisões incompreensíveis das autoridades nacionais” quanto à gestão pandémica.
O dirigente criticou a realização de eventos à porta fechada nos últimos seis meses de 2020, quando outros eventos se realizavam, porque o futebol, diz, “foi sempre uma exceção e foi votado ao desprezo”, mas salientou a conquista da I Liga, Taça de Portugal e Supertaça, e ainda a determinação em ultrapassar as restrições devidas pelas regras do ‘fair play’ financeiro da UEFA.
No lado negativo, uma quebra nos “proveitos advindos da publicidade e sponsorização” na ordem dos 36%, atribuindo o grupo este resultado à pandemia, que causou, estimam, uma perda de mais de oito milhões de euros em bilheteira, comparando com o período homólogo de 2019.
Os resultados, acrescenta ainda o documento, permitem “alguma confiança quanto à capacidade de a SAD atingir um resultado positivo no final da época”, num período em que os custos operacionais, excluindo a compra de jogadores, subiu ligeiramente, sobretudo devido ao pagamento de prémios.
A SAD do FC Porto destaca ainda que “o ativo, que se situa nos 380,339 ME em 31 de dezembro de 2020, registou um aumento global de 79,699 ME face a 30 de junho, principalmente devido ao acréscimo dos valores a receber de clientes e do montante que a Sociedade tinha em caixa”.
Por outro lado, o passivo aumentou em 45,5 milhões de euros, para atingir um valor perto dos 500 milhões no total: 497.339 ME, após uma subida relativa “essencialmente devido ao crescimento do valor global dos empréstimos do grupo”.