Uma vitória no ‘clássico’ de sábado com o FC Porto, da 21.ª jornada, encaminhará o título de campeão nacional ao Sporting, considera o ex-futebolista Carlos Xavier, confiante numa renovada série invicta dos lisboetas na I Liga.
“Lembro-me que estivemos muito tempo sem perder, mas não fazia ideia de que eram 21 jogos. Na altura, também veio um treinador que apostou em jovens e as coisas correram de feição. Espero que este Sporting consiga bater esse recorde. Ficaria muito feliz”, contou à agência Lusa o ex-médio, campeão nacional pelos ‘leões’ na época 1981/82.
O Sporting chega ao Estádio do Dragão na liderança isolada do campeonato, com 54 pontos, fruto de 17 vitórias e três empates, sabendo que nova jornada sem derrota permitirá igualar a sua melhor série de invencibilidade em 87 presenças na elite.
Em 1981/82, o conjunto orientado pelo inglês Malcolm Allison, no qual pontificava um trio atacante formado por Manuel Fernandes, António Oliveira e Rui Jordão, só perdeu pela primeira vez à 22.ª de 30 rondas, diante do Boavista (1-2), no Estádio do Bessa.
Para trás ficaram 15 triunfos e seis empates, aos quais se juntariam ainda mais quatro vitórias, duas igualdades e outras tantas derrotas, para um total de 46 pontos, contra 44 do Benfica e 43 do FC Porto, oferecendo o 16.º e antepenúltimo título ao Sporting.
“Vejo este grupo com o ambiente fantástico que havia no nosso tempo. Aqueles que não jogam estão imbuídos do mesmo espírito. O treinador tem muita culpa nisto”, avaliou Carlos Xavier, que dividiu o eixo da defesa com Eurico Gomes nessa época e ainda conquistou a Taça de Portugal, rumo à penúltima ‘dobradinha’ celebrada pelos ‘leões’.
Quase quatro décadas depois, o Sporting aparece em boa posição e sem outras competições à mistura para reconquistar um título que foge desde 2001/02, tendo escolhido o “treinador certo” para apostar “na mina de ouro que é a prata da casa”.
“Estaria surpreendido se estivessem a ganhar os jogos por acaso. Pelo contrário, é fruto da qualidade mostrada desde o início da época. Este projeto já devia ter sido feito e pensado há muito tempo. A equipa técnica está de parabéns pelo trabalho e é de louvar que os jogadores o tenham abraçado da mesma maneira que o treinador”, frisou.
Carlos Xavier revê “inteligência” no discurso cauteloso de Rúben Amorim sobre a luta do título, admitindo que o foco num desafio de cada vez “retira pressão” a um grupo jovem, sujeito a acusar “muita ansiedade prejudicial” à medida que a época se aproxima do fim.
“Há que ter os pés bem assentes no chão. As coisas estão a correr muito bem e devem continuar a pensar jogo a jogo até ao dia em que ninguém os conseguir ultrapassar. A vitamina da equipa são as vitórias e elas aumentam a confiança. É por isso que todos os setores estão bem sincronizados e o grupo está muito forte fisicamente”, analisou.
Quanto ao ‘clássico’ de sábado, às 20:30, no Estádio do Dragão, no Porto, o ex-internacional luso, de 59 anos, defende que o campeão nacional, segundo colocado, com 44 pontos, “tem mais a perder” do que o vencedor da última edição da Taça da Liga.
“O Sporting não alterará nada, porque a mentalidade e dedicação são iguais em cada jogo. Se o FC Porto empata ou perde, ficará mais difícil alcançá-lo. Caso contrário, ainda há muito caminho pela frente”, sustentou o vencedor de um campeonato, duas Taças de Portugal e três Supertaças nas duas passagens por Alvalade (1980-1991 e 1994-1996).
Atribuindo favoritismo aos ‘dragões’, “independentemente se há ou não público”, Carlos Xavier sublinha “a importância de não perder este jogo” para as hostes ‘leoninas’, sob pena de “poder vir a ter um ou dois maus jogos seguidos e tudo voltar à estaca zero”.
O avançado Paulinho, reforço sonante do Sporting em janeiro, está lesionando num tendão da coxa esquerda e deve ser a única baixa, embora o ex-atleta da Académica e dos espanhóis da Real Sociedad assuma que “qualquer um dará conta do recado”.
Já a utilização de Palhinha pode depender de uma eventual decisão do Tribunal Arbitral do Desporto, após o Tribunal Central Administrativo do Sul ter dado provimento à providência cautelar requerida pelo médio face ao quinto cartão amarelo visto na I Liga.
Esse parecer permitiu a presença do jogador no triunfo sobre o Benfica (1-0), no dérbi lisboeta da 16.ª jornada, em 01 de fevereiro, seis dias depois de ter sido admoestado durante a vitória no terreno do Boavista (2-0) e sancionado com um jogo de castigo.
“A única manobra que vejo aqui é eliminarem o João Palhinha do jogo, até porque parece que têm medo dele e as coisas agora resolvem-se nos bastidores. Para mim, será o futuro ‘trinco’ da seleção. O amarelo que levou no Bessa é ridículo, mas não acredito que não possa jogar no Dragão. Se não puder, há aqui marosca”, concluiu.
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