A centralização dos direitos televisivos promove a possibilidade de internacionalização do futebol português e vai esbater as diferenças entre o que os clubes recebem, sustentou hoje o secretário de Estado da Juventude e do Desporto.
Em declarações à Lusa, João Paulo Rebelo frisou que “o primeiro objetivo” é conseguir “que se esbata a diferença entre os clubes que mais recebem e os que menos recebem” da receita oriunda dos direitos televisivos, mas assumiu também que passa pela “valorização muito significativa dos nossos campeonatos profissionais”.
“Vai ajudar a reforçar o reconhecimento e a notoriedade que o nosso futebol já hoje tem, do ponto de vista internacional, mas a possibilidade de internacionalização do nosso futebol vai ser muito maior a partir do momento em que haja só um intermediário na venda dos direitos”, sublinhou o governante.
Atualmente, “em Portugal, o clube que mais recebe” em direitos televisivos, segundo o secretário de Estado, “recebe 15 vezes mais do que o clube que menos recebe”, quando em Espanha e Itália essa diferença é de “apenas três vezes”, na Alemanha é de “2,5 vezes” e em Inglaterra é de “1,3 vezes”.
“Ou seja, há um muito maior equilíbrio”, o que se reflete numa “maior competitividade do próprio campeonato”, considerou.
“A nossa expectativa é de não prejudicar quem recebe mais, mas, pelo contrário, que todo o universo das ligas profissionais do nosso país e dos direitos televisivos possam sair valorizados, inclusivamente no que será a hipótese de internacionalização do nosso futebol e, com isso, valorizando os nossos campeonatos, possa haver uma distribuição mais justa, sem prejudicar quem atualmente mais recebe e tem um maior retorno dos seus direitos televisivos”, explicou.
Sem quantificar os valores envolvidos, João Paulo Rebelo admitiu, no entanto, não saber se é possível “chegar a estes números”, semelhantes aos das principais ligas europeias, assim que entre em vigor a centralização dos direitos, mas assegurou que vai “reduzir muito” essa diferença.
Para isso, o governante apoiou-se em “alguns estudos que confirmam a possibilidade de valorização muito significativa das ligas” portuguesas e lembrou que tudo vai depender “do mercado”, mas assegurou que “há razões muito bem fundadas” para acreditar que o futebol nacional vale “mais do que é hoje o somatório destes direitos televisivos que os clubes têm”.
“Se os que recebem mais puderem receber ainda mais, mas, proporcionalmente, ficarem menos distantes dos que recebem menos, tudo isso é positivo. Vamos supor, um clube que hoje recebe 10, se pudesse passar a receber 12 ou 13 e o que recebia um passe a receber três ou quatro, portanto, se todos passarem a receber mais e ainda assim a diferença se esbata, isso será a situação perfeita”, exemplificou.
O Conselho de Ministros aprovou na quinta-feira o decreto-lei que visa impedir que os clubes das competições profissionais de futebol comercializem individualmente os direitos dos seus jogos relativos às épocas 2028/29 e seguintes, cabendo à Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e à Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) a apresentação do modelo do negócio até ao final da época desportiva de 2025/26.
De acordo com o Governo, o modelo de centralização dos direitos televisivos terá ainda de ser aprovado pela Autoridade da Concorrência, mas o Secretário de Estado da Juventude e do Desporto sublinhou que a entidade já deu sinais de que “faz sentido que esta centralização aconteça”.
“Estou em crer que a Liga e a FPF se entenderão e terão todas as condições para apresentar um modelo que não apresente quaisquer dúvidas à Autoridade da Concorrência. Não tenho dúvida que isso acontecerá, mesmo nenhuma, devo dizer”, concluiu João Paulo Rebelo.