O FC Porto deve gerir “sem receios” a vantagem mínima trazida do primeiro embate com a eneacampeã italiana Juventus, visando um lugar nos quartos de final da Liga dos Campeões, considera o ex-futebolista ‘azul e branco’ Eduardo Luís.
“A defesa não me parece muito assertiva, por isso acho que deve jogar o que sabe e não ter medo. Atacar com propósito e inspiração, porque tem jogadores capazes de resolver de um momento para o outro, e estar concentrado em termos defensivos quanto aos nomes que mexem mais na Juventus”, frisou à agência Lusa o antigo defesa.
O FC Porto reencontrará a ‘vecchia signora’, do ‘astro’ português Cristiano Ronaldo, na terça-feira, às 21:00 locais (20:00 em Lisboa), em Turim, três semanas depois da vitória por 2-1 obtida no Estádio do Dragão, no Porto, com golos de Taremi e Marega, contra um de Federico Chiesa.
Os ‘dragões’ vão encarar pela sexta ocasião uma segunda mão em provas europeias a partir de um triunfo caseiro por 2-1, somando três eliminações (1966/67, 1979/80 e 2009/10) e duas passagens, nas trajetórias para os títulos de 1986/87 e 2003/04.
Na primeira ocasião, em 08 de abril de 1987, o FC Porto impôs-se na receção ao Dínamo Kiev (2-1), graças aos golos de Paulo Futre e André, de penálti, no início da segunda parte, perante um tento de Pavel Yakovenko que prometia complicar as contas.
“À partida, o resultado não seria muito famoso e bastava um golo para nos eliminarem. Não defrontávamos uma equipa qualquer, mas quase a seleção da União Soviética”, lembrou Eduardo Luís, em alusão a uma equipa que incluía Oleh Blokhin e Igor Belanov, vencedores da Bola de Ouro, atribuído pela revista francesa France Football, em 1975 e 1986, respetivamente.
Duas semanas depois, perante cerca de 100.000 espetadores, no Estádio Olímpico de Kiev, os ‘dragões’ repetiram a marcha do marcador da primeira mão, com golos madrugadores de Celso e Fernando Gomes, contra o tento de Oleksiy Mykhaylychenko.
“Ganhávamos 2-0 aos 10 minutos e começámos a fazer contas lá dentro. Eles tinham de marcar, pelo menos, quatro golos para nos eliminarem, mas só fizeram um. O resultado fez-se na primeira parte. Na segunda, sofremos um pouco, tendo muita determinação a defender a nossa baliza e tentando contra-atacar através do Futre e do Juary”, contou.
Com um “misto de competência, sorte e audácia”, o FC Porto conseguiu ultrapassar a formação do conceituado técnico Valeriy Lobanovskiy para regressar às finais europeias, três anos depois da derrota frente à Juventus no jogo decisivo da Taça das Taças (1-2).
“Estávamos imbuídos de vencer e passar a eliminatória. Com o desenrolar do jogo é que as coisas se tornaram fáceis para nós. Se o Dínamo marcasse primeiro, provavelmente o jogo seria diferente. Quando acabou, foi uma descompressão saber que o clube estava pela segunda vez numa final europeia”, notou o ex-defesa, titular nos dois encontros.
Os ‘azuis e brancos’ derrotariam os alemães do Bayern Munique em Viena (2-1), numa inédita presença na final da Taça dos Campeões Europeus, após eliminarem os malteses do Rabat Ajax (9-0 em casa e 1-0 fora), os checoslovacos [agora checos] do Vítkovice (0-1 fora e 3-0 em casa) e os dinamarqueses do Brondby (1-0 em casa e 1-1 fora).
“O Artur Jorge não alterava muito a estratégia face aos adversários. Jogávamos sempre da mesma maneira e com o mesmo sistema, umas vezes procurando a profundidade dos jogadores mais rápidos, outras jogando de bola no pé. O FC Porto tinha atletas exímios nesse aspeto e uma equipa bem consistente e unida em todos os setores”, analisou.
Volvidos quase 34 anos, Eduardo Luís apela à equipa de Sérgio Conceição que “tenha confiança em si e na sua forma de jogar” para novo desafio com a Juventus, encontrando formas de suster uma “entrada pressionante” dos italianos “em busca de marcar cedo”.
“Acho que o Dínamo de Kiev era muito mais forte. Levando para Itália a imagem do jogo muito bom que fizeram aqui, no qual poderiam ter ganhado por 2-0, penso que a Juventus está perfeitamente ao alcance de poder ser eliminada pelo FC Porto”, avaliou o ex-defesa, de 65 anos, vencedor de quatro campeonatos, duas Taças de Portugal e três Supertaças.
Calculando “50% de hipóteses para cada lado”, até pela ausência de público em Turim, onde os ‘dragões’ já averbaram dois desaires na Liga dos Campeões (1-3, em 2001/02 e 0-1, em 2016/17), o ex-internacional luso espera um ‘onze’ “sem grandes invenções”.
“Às vezes, os treinadores, como têm muitos jogadores, têm a tendência de satisfazer todos, só que nem sempre isso é possível. Tem de jogar aquela equipa que dá mais garantias ao FC Porto, que tem tido alguns problemas quando altera demasiado a sua estrutura”, concluiu Eduardo Luís, que vestiu a camisola azul e branca de 1982 a 1989.
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